Por cadu.bruno

Rio - Policiais do Batalhão de Choque e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) ocuparam na manhã desta quarta-feira o Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nenhum tiro precisou ser disparado e ninguém foi preso. José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Estado, comemorou a incursão.

"O resultado que esperamos é a melhora na sensação de segurança das pessoas. Isso não significada que tenhamos que prender ou dar tiro. Melhorar a segurança é apresentar uma polícia que nao precise atirar", disse.

Beltrame celebra ocupação sem que tiros fossem disparados na MangueirinhaEstefan Radovicz / Agência O Dia

A cerca de dois quilômetros do 15º BPM (Duque de Caxias), o Complexo da Mangueirinha é considerado um dos mais perigosos da região, depois da implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio. 

"Trata-se da implantação de uma companhia destacada da PM, com efetivo de 180 homens, a partir de segunda-feira. É claro que essa ocupação inicial vai continuar, já com apoio dessas comunidades", disse o tenente-coronel Ranulfo Brandão, comandante do 15º BPM (Duque de Caxias). O destacamento funcionará nos moldes das UPPs. Homens da cavalaria da corporação também participaram da ocupação.

Ainda de acordo com o oficial da PM, operações esporádicas do 15º BPM começaram a ser feitas na Mangueirinha desde o início de junho. No dia 18 de julho, o batalhão implantou quatro pontos estratégicos - cada um com dez PMs - nas comunidades da Mangueirinha, Sapo, Santuário e Corte Oito, que integram o complexo de favelas. A região tem cerca de 25 mil moradores, segundo a PM.

Quatro retroescavadeiras, dez caminhões e cerca de 120 homens fizeram a limpeza das ruas e retiraram mais de 240 toneladas de lixo. As ações da prefeitura devem continuar neste sábado.

Policiais começaram a ocupar Favela da MangueirinhaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

A iniciativa foi motivada, segundo Ranulfo Brandão, após a constatação do aumento de roubo de carros, principalmente após a realização de bailes funk, e pela morte do professor de Química Ítalo de Souza Gatto. Ele foi baleado na cabeça, no dia 16 de junho, quando saía de casa com a mulher e o filho de nove meses, na Rua Doutor Otávio Áscoli, Vila Centenário, um dos acessos à Mangueirinha.

Com a chegada do novo contingente na segunda-feira serão instalados containers nos quatro pontos estratégicos já usados pelo 15º BPM. Muitos PMs que integram a tropa serviam em UPPs no Rio, segundo Ranulfo Brandão. Ele acredita que não haverá resistência por parte dos traficantes durante o processo de ocupação. "Eles (bandidos) sentirão que a ocupação é para valer", acredita o comandante do 15º BPM.

Após a entrada dos PMs nesta manhã, equipes da Defesa Civil Estadual e da Prefeitura de Duque de Caxias iniciaram a montagem de barracas de prestação de serviços assistenciais a população no Campo do Tricolor, no acesso à Mangueirinha. O comando de operação do Choque também está baseado no local.

Funcionários do município percorreram as comunidades divulgando a disponibilidade dos serviços. Equipes de serviços de iluminação pública, limpeza e serviço social também participam. O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, é aguardado no local.

Morro Azul será modelo

O comandante da PM, coronel Eri Ribeiro Costa Filho, informou na quinta-feira a O Dia que caberá ao Choque o primeiro enfrentamento com grupos de traficantes que agem na Mangueirinha. Pelo planejamento da Secretaria de Segurança do estado, o batalhão ficará na favela por 30 dias, preparando a ocupação permanente, numa espécie de UPP.

PM ocupa o Complexo da MangueirinhaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

A ocupação, que será a primeira desse tipo na Baixada Fluminense, também foi confirmada n quinta ao DIA pelo governador Sérgio Cabral. “Estamos entrando para ficar”, disse.

Ele explicou, no entanto,que o modelo não será o mesmo das UPPs adotado em favelas cariocas. “Será possivelmente uma companhia, como é na Chatuba, na Camarista Méier, no Morro Azul, no Flamengo, e duas em Macaé. É a presença permanente da polícia”, explicou Cabral;

O coronel Eri Ribeiro disse que o modelo poderá se repetir em outras favela da Baixada. “Tenho certeza que o trabalho vai levar paz à região e vamos analisar com a Secretaria de Segurança a instalação de outras companhias na Baixada”, afirmou o coronel.

Segundo o prefeito Alexandre Cardoso, os policiais do Choque serão substituídos por outros 180 de uma companhia da Polícia Militar, que ficarão permanentemente na favela. Ele confirmou que a ocupação será permanente, mas não seguirá o modelo tradicional das UPPs, mas o das companhias instaladas usados em favelas da capital e do interior do estado.

O prefeito de Duque de Caxias informou ainda que nest sexta à tarde, por volta das 15h, irá à favela acompanhado de secretário e funcionários da prefeitura. O objetivo é iniciar uma especial de ocupação social, com oferta de serviços públicos. Os primeiros serão os de limpeza urbana, iluminação e conservação.

Além disso, em parceria com a Unigranrio, serão oferecidos aos moradores serviços de saúde, assistência social e jurídica. Há previsão de ofertas de cursos de especialização e de noções de empreendedorismo.

Você pode gostar