Por cadu.bruno

Rio - Após duas horas de reunião com o secretário de Estado de Esporte e Lazer, André Lazaroni, e o presidente da Federação de Atletismo do Rio de Janeiro (Farj), Carlos Alberto Lancetta, o governador Sérgio Cabral anunciou nesta sexta-feira que o Estádio de Atletismo Célio de Barros não será demolido. O encontro ocorreu no Palácio Guanabara, sede do governo.

Cabral fala sobre manutenção do Célio de BarrosCarlos Moraes / Agência O Dia

De acordo com ele, as ações na Justiça e as manifestações recentes do Iphan foram determinantes na decisão. "Vamos retomar o Célio de Barros, fazendo obras de recuperação na arquibancada. Agora vamos aguardar o consórcio e discutir o futuro da concessão do Maracanã".

Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht Infraestrutura, João Borba, disse que foi pego de surpresa com a decisão. "Fomos surpreendidos. Vamos estudar e verificar como ficará a arena Maracanã dentro da nova situação", afirmou Borba, que representa o consórcio e terá um prazo de 15 a 20 dias para decidir se aceita as novas condições.

O projeto original de modernização do Complexo do Maracanã previa que a área ocupada atualmente pelo Júlio Delamare e o Célio de Barros seria destinada à construção de dois edifícios garagem, com restaurantes, bares e lojas. Por conta do cancelamento, o projeto vai precisar ser revisto.

Também nesta semana, Cabral disse que não vai demolir o Parque Aquático Júlio Delamare, que faz parte do Complexo Esportivo do Maracanã. Pelo Twitter, o governador afirmou que conversou com o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes e decidiu manter o funcionamento do complexo.

Célio de Barros ficou base para TVs e estacionamentoFernando Molica / Agência O Dia

A demolição dos locais era tida como certa desde que o Consórcio Maracanã, composto pela Odebrecht Participações e Investimentos S.A., IMX Venues e Arena S.A., de propriedade de Eike Batista, e AEG Administração de Estádios do Brasil LTDA, venceu a licitação para administrar o complexo.

A volta da Aldeia Maracanã

O governo do estado determinou que a Secretaria de Cultura crie um centro de estudos e uma secretaria de assuntos indígenas no prédio do antigo Museu do Índio, que fica vizinho ao estádio próximo à Aldeia Maracanã.

A primeira reunião da secretária Adriana Rattes com representantes de diversas etnias que ocupavam o prédio desde 2006 foi realizada na terça-feira.

Índios podem recuperar a Aldeia Maracanã%2C depois de terem sido expulsos pelo governo estadualFabio Gonçalves / Agência O Dia

“A secretária falou em nome do governador e estamos muito satisfeitos que um canal de diálogo tenha sido aberto, pois a Aldeia Maracanã é um marco histórico do nosso povo e da integração cultural indígena e do homem branco no Rio”, avaliou o chefe Afonso Apurinã, que esteve no encontro.

Museu olímpico

Nova reunião já está marcada para a próxima terça-feira, dia 6. Participarão índios, representantes da Fundação Darcy Ribeiro e Adriana Rattes. “É importante chegarmos a um acordo que preserve o espaço e a cultura dos índios. Finalmente estamos sendo ouvidos e tudo caminha para uma solução inteligente”, disse Carlos Tukano, outra liderança indígena presente.

Depois da desocupação feita em abril, o governo — que queria demolir o prédio do antigo Museu do Índio — anunciou que, no espaço, construiria o Museu Olímpico. Este projeto, agora, está em análise do governo para ser implantado no Maracanã ou transferido para outro endereço.

Projeto não prevê moradia para índios no antigo museu

O Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena, a ser implantado no local, não prevê moradia para os índios, que seguiriam para Jacarepaguá ou para algum outro local, de comum acordo entre o governo e os índios. Isso desagrada alguns líderes, como o cacique Urutau Guajajara.

“Não tem acordo antes de a Justiça Federal se pronunciar. Estamos com dois processos de reintegração de posse da Aldeia Maracanã na 8ª Vara Federal e, segunda-feira (dia 5), haverá uma audiência pública”, adiantou Guajajara.

Adriana Rattes pediu aos líderes das tribos presentes, entre eles, Garapirá Pataxó, Marize Guarani, Iracema Pankararu, que mobilizem as demais lideranças da Aldeia Maracanã para as próximas reuniões.

Urutau Guajajara será chamado para o encontro de terça-feira, mas disse que não pretende comparecer. “Qualquer iniciativa de diálogo foi cortada pelo próprio governo, o que nos obrigou a ir aos tribunais e é lá que vamos conversar”.

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