Por thiago.antunes

Rio - Um dos maiores nomes do cinema independente do país, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, diz que os realizadores nacionais são excessivamente dependentes dos mecanismos oficiais de financiamento, como incentivos fiscais. Aos 50 anos de carreira, ele afirma que prefere não utilizar verbas públicas. Marins será homenageado no Teatro Sesi na sexta-feira, 13.

Zé do Caixão%3A 'Eu nunca dependi de verbas públicas para filmarAntonio Batalha / Divulgação

—O senhor sempre optou pela não utilização de financiamento público?

—Sim, procurei me manter independente. Fiz 33 longas-metragens. Apenas um ou dois tiveram algum tipo de verba oficial, mesmo assim, para financiamento do roteiro. Não quero depender de dinheiro do governo.

—O que o senhor acha do sistema de editais para escolher os beneficiados?

—Se você olhar com atenção, vai ver que algumas pessoas são sempre beneficiadas por esses editais. Não conseguiria fazer o que fiz se tivesse ficado esperando ser escolhido. O financiamento privado dá mais agilidade. Além disso, meu produto é mais barato. Um filme nacional hoje custa, em média, de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões. Eu consigo terminar um longa com R$ 1 milhão.

—É difícil fazer cinema de gênero no Brasil?

— Bastante. Boa parte dos produtores só quer investir em filmes que dão retorno garantido, como as comédias. Eu optei pelo terror e acho que tive sucesso, mas, infelizmente, vejo poucos cineastas seguindo o mesmo caminho ou optando por gêneros como o suspense e a ficção científica.

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