Rio - Dois meses depois do desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, 47 anos, da Rocinha, após abordagem policial, a família ficou mais esperançosa em relação à solução do caso. Conforme O DIA noticiou na edição deste sábado, duas testemunhas afirmaram na Divisão de Homicídios (DH) que uma delas foi coagida pelo ex-comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, a prestar um falso depoimento, favorável aos PMs, na promotoria do Ministério Público em troca de favores que envolviam o pagamento de um aluguel de apartamento em Rio das Pedras, Zona Oeste. As testemunhas são mãe e filho, ele menor acusado de envolvimento com o tráfico de drogas na comunidade.
“A saída do major vai tirar a capa do medo das pessoas, muita gente vai abrir a boca e falar o que sabe. Sabíamos que havia algo errado nessas informações de que ele tinha envolvimento com o tráfico”, disse Michele Lacerda, 26 anos, sobrinha de Amarildo, que disse ter ouvido falar de intimidações por policiais.

“Por mais que minha tia (mulher de Amarildo Elizabeth Gomes da Silva) saiba que ele está morto, sempre tem a esperança de que seja encontrado vivo, afinal, não encontraram o corpo”, continuou a sobrinha.
Para o deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marcelo Freixo, a denúncia envolvendo o ex-comandante da UPP da Rocinha muda totalmente o rumo das investigações.
Testemunha importante
“Essa era uma testemunha muito importante para os policiais, já que inicialmente ela falou que foi ameaçada por traficantes e teria ouvido de um deles que faria com seu filho o mesmo que fez com Amarildo. Esse novo depoimento é muito importante porque desmonta esse elemento de defesa dos policiais, mas vai muito além disso. Se for verdade, caracteriza uma corrupção na investigação”, avalia Freixo.