Rio - O inquérito sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na Divisão de Homicídios (DH), contém o relato de 22 pessoas que contaram ter sido torturadas por PMs a mando do major Edson Santos, então comandante da UPP Rocinha.
A afirmação é do delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa. Segundo ele, Amarildo não teria resistido a choques elétricos, ingestão de cera derretida e outras atrocidades, morrendo perto da meia-noite do dia 14 de julho, quando foi visto pela última vez.
De acordo com o delegado, a sessão de maus-tratos teria ocorrido na mata ou no contêiner da UPP Rocinha. “Todos os dez PMs indiciados foram monitorados em ligações telefônicas autorizadas pela Justiça e pegamos, por exemplo, o soldado Marlon Campos, falando para a namorada ‘eles já sabem, mas quero ver provar’. E o major Edson tentando combinar depoimento com o soldado Douglas Vidal”. Rivaldo ainda contou que uma testemunha ouviu o soldado Douglas falar para Amarildo: “Boi (apelido do pedreiro), perdeu. Chegou a tua hora”.
Para o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, a morte de Amarildo não enfraquece a imagem do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
“A polícia deu sua resposta de maneira transparente e objetiva. Entregou esses policiais à disposição da Justiça, independentemente de serem oficiais ou não . Quando essas coisas tristes acontecem, temos que elucidar da maneira mais rápida possível e apresentar respostas claras à sociedade. Isso não enfraquece absolutamente a UPP”, declarou neste sábado, durante a festa do mês da criança do Ciep Chanceler Willy Brandt, no Jacarezinho.
A delegada Ellen Souto, também da DH, disse que os restos mortais encontrados em Resende não são de Amarildo.