Rio - Sociólogo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio, Fábio Araújo não tem dúvidas de condenar a existência de uma polícia militar. Para ele, este tipo de instituição não traz benefícios para a sociedade. Afirma que o militarismo ensina a lidar com inimigos, não com cidadãos.
— A formação militar atrapalha o policial?
Bastante. A instrução baseada no militarismo é calcada no combate ao inimigo; o respeito à cidadania vem em segundo lugar. O problema é que, muitas vezes, esse inimigo é um cidadão que está se manifestando. Além disso, a Polícia Militar segue a doutrina da Política de Segurança Nacional, que não admite o questionamento de ordens. Qualquer um que faça isso é imediatamente classificado de inimigo.
— Esse é um problema histórico?
Sem dúvida. A Polícia Militar nasce para proteger a Corte Portuguesa que veio para o Brasil e para reprimir escravos. Logo em seguida, também passou a cuidar da defesa do patrimônio. Ou seja, não há, em sua origem, uma preocupação com o cidadão. De um jeito ou de outro, isso ainda permanece na instituição.
—A sociedade aprova esse tipo de polícia?
Em parte, sim. É triste, mas percebo que uma parcela da sociedade vê com bons olhos policiais militares agindo de forma truculenta. É uma pena. Essas pessoas só perceberão o quanto essa formação militarizada não é o melhor caminho quando sofrerem algum tipo de abuso ou agressão.