Após briga no Maracanã, indígena dá queixa contra policial que o mandou para a Amazônia. Caso será levado à ONU
Por thiago.antunes
Rio - Um incidente envolvendo um índio da Aldeia Maracanã virou caso de polícia no domingo. O representante da tribo Ashaninka, Ash Ashaninka da Silva, 30 anos, registrou queixa na 18ª DP (Praça da Bandeira) contra um policial militar do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) por crime previsto na lei 7.7116/89, que fala sobre preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Ash contou que foi ofendido pelo militar durante o jogo entre Vasco e Cruzeiro, realizado no sábado, no Maracanã. O índio contou que caminhava com grupo de amigos perto da Aldeia, quando policiais começaram a efetuar disparos com balas de borracha contra torcedores que faziam tumulto no estádio. Ainda segundo Ash, um dos tiros atingiu um cone ao lado de onde ele e seus amigos estavam.
“Pedimos para que eles parassem porque tinha crianças e idosos na Aldeia, participando de curso. Poderia ter gente ferida”, alegou o indígena, ressaltando que, neste momento, um dos PMs — identificado por ele como cabo Guedes — se exaltou.
“O policial começou a nos ofender e disse que lugar de índio não era aqui e sim na Amazônia. E que quem mandava ali era ele. Quer dizer que não podemos ficar no Rio? É um preconceito e vamos lutar por nossa cultura e nossos direitos”, criticou Ash.
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Amigos do índio que prestaram depoimento como testemunhas na delegacia disseram que pretendem divulgar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU). O delegado Fábio Barucke disse que vai solicitar imagens do local para tentar identificar o policial e encaminhar ofício à PM, pedindo que o agente preste esclarecimentos.
A assessoria da Polícia Militar informou que, até esta quarta-feira, o comandante do Gepe não havia recebido a denúncia formalmente e que só vai se pronunciar sobre o caso quando isso ocorrer.