Por thiago.antunes
Rio - Gritos, xingamentos, empurrões e um soco no mototaxista Paulo Sérgio Moreno Campos. Foi assim que policiais da UPP do Babilônia/Chapéu Mangueira, no Leme, reagiram, na madrugada desta segunda-feira, à reclamação da vítima sobre o fato de um PM estar no meio da rua atrapalhando a passagem. A ação foi filmada, e Paulo registrou o caso na 5ª DP (Gomes Freire). A discussão ocorreu na Ladeira Ari Barroso, via de acesso à favela. O comando da UPP está apurando o caso e afastou dois militares. Eles não tiveram os nomes divulgados. Na UPP Camarista Méier também houve problema, domingo. Um policial foi ferido por estilhaços de bala após troca de tiros.


No Leme, o vídeo mostra Paulo e um outro mototaxista cercados por quatro PMs. Um deles discute com a vítima enquanto os outros assistem. Paulo também argumenta. Após um minuto de discussão, um dos PMs manda Paulo largar a moto, começa a xingar e o empurra. Os outros tentam afastá-lo, mas ele consegue dar um soco em Paulo. “Ele ia acertar a minha cara, mas consegui abaixar e o soco atingiu minha cabeça”, contou Paulo. Depois da agressão, a discussão acabou e todos foram embora. A vítima levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Alerj
Publicidade
“Eu havia subido com um passageiro, e o PM estava no meio da rua. Quando desci, ele continuava no caminho, e aí eu reclamei. Ele pediu minha identificação e a habilitação. Como estava tudo certo, arrumou um meio de me prejudicar. Jogou meu documento no chão, pisou nele, me xingou e xingou minha mãe”, contou o mototaxista, que afirmou ainda ter sido ameaçado pelo PM. “Ele voltou sem farda, apontou a arma para mim e disse que isso não ia dar em nada. Estou com medo mas vou continuar trabalhando. Registrei a queixa porque, se acontecer algo comigo, já sabem quem foi”, contou Paulo.
A UPP Camarista Méier foi inaugurada na semana passadaFernando Souza / Agência O Dia

Ele denunciou ainda que agentes da 12ª DP (Leme) se recusaram a registrar o fato. “Disseram para eu não levar o caso adiante”, afirmou ele. A Polícia Civil informou que Paulo disse apenas que o policial militar havia chutado e jogado a carteira dele no chão, que isso não é crime e que ele foi orientado a procurar a Corregedoria da PM. Mototaxistas estavam revoltados. “Os PMs nos tratam com ignorância”, disse um motorista. “Para eles, sempre somos os errados”, disse outro mototaxista. Eles não se identificaram porque temem represália.

Tiro no peito de soldado da UPP

O soldado da UPP Camarista Méier foi baleado na comunidade uma semana após a inauguração da unidade. Ele, que não teve o nome divulgado, levou um tiro no peito durante patrulhamento mas não corre risco de morrer. O tiro bateu no colete, mas parte do projétil atingiu o pescoço e ficou alojado na pele. O soldado está internado no Hospital da PM, no Estácio.
Publicidade
O confronto aconteceu por volta das 23h40 na localidade do Gambá, que faz parte do Complexo do Lins. O patrulhamento na região foi reforçado com policiais da UPP do Lins.
A suspeita é que os bandidos que atacaram os policiais sejam integrantes da quadrilha de Luís Cláudio Machado, o Marreta, de 39 anos. Considerado um dos líderes do Comando Vermelho, o traficante fugiu do complexo de presídios de Bangu, em 2012, por uma tubulação que dava acesso a rede de esgoto do presídio.
Publicidade