Por tamyres.matos
Rio - Investigado desde julho, indiciado pela Delegacia Fazendária e denunciado pelo Ministério Público (MP) por cobrar propina de R$ 3 mil semanais durante cinco anos dos administradores do Cemitério do Caju para fazer vista-grossa sobre obras irregulares, o então chefe da fiscalização da Prefeitura do Rio, Ademir Treichel, foi nomeado pelo prefeito Eduardo Paes em outubro para ser interventor do mesmo cemitério. Somente no Caju, o esquema teria rendido R$ 780 mil.
Em nota, a Casa Civil do município informou ontem que a corregedora da prefeitura, Alda Cavaliere, apura as responsabilidades. Questionada sobre a nomeação de Treichel, a prefeitura argumentou que não foi avisada da investigação ou da denúncia. O DIA também tentou contato com Ademir Treichel, mas não obteve retorno do servidor.
Publicidade
A denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP acusa 23 pessoas ligadas ao ex-provedor da Santa Casa de Misericórdia, Dahas Zarur, por formação de quadrilha, sonegação fiscal, apropriação indébita e falsidade ideológica.
Segundo o MP, Dahas Zarur montou um esquema de construção e venda de jazigos clandestinos nos 13 cemitérios que a Santa Casa administrava e os vendia sem notas fiscais ou usando documentação falsa. O lucro não ia para os cofres da instituição, mas para o patrimônio de Dahas Zarur e dos supostos comparsas. Em 23 transações imobiliárias, o montante seria de R$ 21 milhões, mas, de acordo com o Gaeco, há pelo menos mais 90 negociações de imóveis sob suspeita.
Publicidade
Ao DIA, o advogado de Dahas Zarur, Fernando Thompson Bandeira, disse na quarta-feira que o ex-provedor nunca recebeu nenhuma notificação de túmulos irregulares por parte da prefeitura, que, segundo ele, fiscalizava periodicamente os estabelecimentos.
Em nota divulgada ontem, Fernando Bandeira questiona o pedido de prisão de Zarur sem que a denúncia tenha sido apreciada pelo Judiciário e afirma que o cliente é inocente.