Por thiago.antunes

Rio - A frota de 8.800 ônibus da cidade do Rio será equipada com botão de pânico. Não há data marcada, nem foi definida a forma de instalação nos veículos, mas é uma alternativa encontrada pelo setor para ajudar os motoristas a avisar, em tempo real e com auxílio do GPS, às polícias Civil e Militar sobre situações de risco, como assaltos e ataques de vândalos. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 1.119 roubos em coletivos nos três primeiros meses deste ano — 12 por dia. No mesmo período de 2013, foram 679, um aumento de 64%.

Mas este não é o único problema que bate à porta dos empresários. O vice-presidente da Rio Ônibus (associação das empresas), Otacílio Monteiro, disse ontem, em audiência da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que nos quatro dias de paralisação de rodoviários, no mês passado, 720 veículos foram depredados. O prejuízo estaria na casa dos R$ 2,16 milhões. Além disso, até o fim de maio, foram 49 coletivos incendiados em 2014, em diversos ataques no Grande Rio.

Além de combater o vandalismo%2C a medida visa a reprimir os assaltos a ônibus%2C que tiveram alta de 64% nos três primeiros meses de 2014 na comparação com 2013Estefan Radovicz / Agência O Dia

“O botão de pânico é uma ideia que a gente vem pensando há algum tempo, mas não tem data exata para começar. A decisão vai depender do custo do equipamento, que nós não temos ainda, e da parceria com as polícias Civil e Militar”, afirmou o vice-presidente da Rio Ônibus. Segundo ele, uma das preocupações é com o vandalismo que, mesmo com o alerta, ainda continua difícil de ser flagrado. “Este tipo de ato não ocorre dentro do ônibus, mas fora. É complicado fazer a prisão. Nos últimos atos, somente dez pessoas foram para a delegacia. Mas, com o botão funcionando, o motorista avisa o que de anormal está acontecendo”, explicou Monteiro.

Responsável pelo 1º Comando de Policiamento de Área, o coronel Rogério Leitão disse na audiência concordar que o enquadramento dos vândalos em crimes de menor potencial ofensivo, como dano ao patrimônio, é o principal motivo para a reincidência dos casos. “Os policiais só conseguem efetuar prisão em casos de flagrante e, muitas vezes, o vândalo consegue liberação da delegacia antes do próprio policial que o prendeu”, contou o oficial.

Prejuízo de R$ 16 milhões

Até a semana passada, 49 ônibus tinham sido destruídos em incêndios criminosos somente este ano. Deste total de registros, 42 aconteceram na cidade do Rio. Foram cinco veículos queimados em janeiro, 10 em fevereiro, 12 em março, 18 em abril e quatro em maio.

De acordo com a assessoria de imprensa da Rio Ônibus, cada veículo novo tem custo estimado em cerca de R$ 350 mil e não há seguro para ônibus em casos de incêndios criminosos. Segundo a assessoria, o dinheiro necessário para a reposição de todos os veículos retirados de circulação por causa destes episódios chega a mais de R$ 16 milhões.

Atualmente, os ônibus têm apenas câmeras internas, que gravam as imagens, mas não as transmitem. Já nos corredores expressos Transoeste e Transcarioca, além de câmeras, há o botão de emergência com comunicação direta ao Centro de Controle Operacional, no Terminal Alvorada. O equipamento funciona para múltiplos motivos, inclusive para avisar ao Centro de Controle que houve um problema mecânico com o veículo.

Comissão da Alerj quer punição mais rigorosa para vândalos

Apesar de dados do ISP mostrarem que já se tem quase o dobro de roubos em ônibus, se comparado com 2013, a estatística mês a mês mostra que têm caído os assaltos em coletivos. Em janeiro, foram 426 roubos. Em fevereiro, 358, e, em março, 335. Mas, mesmo em queda, os números ainda destoam, e muito, de 2013, porque são muito maiores.

No ano passado, os registros foram de 195 roubos em janeiro, 240 em fevereiro e 224, em março. O crescimento vertiginoso das estatísticas em coletivos neste ano motivou, como mostrou O DIA, a Comissão de Segurança Pública da Alerj a pedir um batalhão especial para prevenir crimes em ônibus. Hoje, o policiamento nos coletivos é feito pelo Grupamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU) da Polícia Militar.

Na audiência de ontem na Alerj, a questão de depredações também foi alvo de discussão para mudanças. O presidente da Comissão de Transportes da Alerj, deputado Marcelo Simão (PMDB), afirmou que pretende discutir com o Tribunal de Justiça e o Ministério Público o enquadramento de vândalos em crimes mais rigorosos do Código Penal. “Quem coloca fogo em ônibus com trabalhadores dentro está praticando uma tentativa de homicídio. Quem joga uma pedra no vidro de um ônibus corre o risco de praticar um crime de lesão corporal. Precisamos de punições mais rígidas para evitar esses casos”, disse o parlamentar.

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