Por bianca.lobianco

Rio - Os milhares de torcedores no país da Copa não são observados apenas através das imagens captadas por emissoras de TV e transmitidas em todo o mundo. Enquanto Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e outros astros do futebol mundial lutam pelo título, policiais brasileiros e estrangeiros atuam lado a lado para garantir a segurança na principal competição esportiva do planeta.

Cerca de 200 agentes de 37 nações monitoram os passos dos torcedoes que chegaram ao país, numa parceria com a Polícia Federal (PF) e com a Interpol, a polícia internacional. Até os policiais de Venezuela, Peru, Qatar, Moçambique, Tanzânia e Angola, que não participam da Copa, estão aqui. A iniciativa é adotada em países que sediam grandes eventos.

Camaroneses%2C de azul%2C e equatorianos%2C com farda clara%2C trabalharam com policiais federais do Brasil no estádio Mané Garrincha%2C em BrasíliaDivulgação

Com suas fardas características, os agentes estrangeiros se dividem em duas equipes. Uma delas é fixa e se concentra no Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), em Brasília, com funcionamento 24 horas. A equipe móvel é acompanhada por policiais federais brasileiros e segue as delegações do país de origem, acompanhando o deslocamento de torcedores. Os agentes são proibidos de portar arma, já que não têm poder de polícia no país.

A ideia é que os agentes sejam identificados pelos torcedores estrangeiros e ajudem na interlocução com as autoridades no Brasil. A equipe fixa, em Brasília, faz a checagem com os bancos de dados criminais do país de origem para verificar se um suspeito tem pendências com a Justiça.

Mais agilidade

“Também utilizamos o centro para verificar se a documentação é verdadeira. Através de embaixada ou consuldao, lervaríamos muito tempo, se fosse pela embaixada ou consulado”, explicou o delegado Luiz Cravo Dórea, coordenador-geral de Cooperação Internacional da PF em Brasília, responsável pelo programa.

Os maiores problemas com policiais e torcedores estrangeiros foram protagonizados por chilenos, antes do jogo contra a Espanha, no Maracanã, quando 85 torcedores foram detidos ao tentar invadir o estádio. Eles foram notificados pela Polícia Federal para que deixassem o país até a meia-noite de sábado para domingo, sob risco de deportação.

Nove argentinos foram detidos em outra tentativa de invasão no estádio, na vitória de 2 a 1 da Argentina contra a Bósnia, domingo passado. Outros dois argentinos foram presos por gritar insultos racistas durante a partida.

Triste cenário motivado por divergências

Se os argentinos deram trabalho às autoridades no primeiro jogo da Copa, os bósnios tiveram uma passagem apenas festiva na estreia na Copa, apesar da derrota.

Um cenário que contrasta com a realidade dos torcedores, obrigados a deixar o país em meio a um conflito armado, entre 1992 e 1995, motivado por divergências políticas e religiosas. Cerca de 200 mil pessoas morreram e mais de 1 milhão de deixaram o país após a guerra, segundo estimativa feita pelo governo da Bósnia.

Segundo o agente bósnio Ismar Brkic, conselheiro da Interpol que integra o CCPI, em Brasília, a maioria dos compatriotas que veio ao Brasil está refugiada em outros países, como Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Canadá e Suíça. Ele calcula que cerca de 15 mil torcedores estejam no país por causa da Copa.

“Tudo por lá ficou destruído por causa da guerra. Descobrimos até o caso de um bósnio que fugiu de lá e veio para o Brasil para ficar na casa de um tio durante a guerra”, disse.

Quando a fluência no idioma pode ajudar e muito

O francês Jean Paul de Azevedo, que irá monitorar os torcedores do seu país no jogo contra o Equador, na próxima quarta-feira, no Maracanã, fala português fluentemente. Oficial da Embaixada francesa em Brasília, ele mora na capital federal desde abril passado.

O belga Guy Theyskens, superintendente da polícia daquele país, conta com a ajuda de uma colega de trabalho que tem parentes no país e fala português. Responsável por acompanhar cerca de três mil torcedores que irão ao Maracanã para enfrentar a Rússia, hoje, ele acredita que o idioma poderia ser um problema. “Isso é muito conveniente para o nosso trabalho, porque nem todos os policiais brasileiros falam inglês no Brasil”, diz.

A maioria dos belgas fala os idiomas holandês e francês. Em uma pequena parcela da Bélgica, o principal idioma é o alemão. Mas o principal idioma para se comunicar em outros países é o inglês.

Acostumado a acompanhar as eliminatórias, o belga Theyskens acredita que não terá problemas maiores no trabalho. “Os nossos torcedores não são encrenqueiros. Eles nos enxergam de uniforme e querem tirar fotos. Estão nos jogos para apoiar o time e fazer festa. A nossa preocupação é que fiquem bêbados e sejam roubados na cidade”.

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