Por FELIPE MARTINS

Rio - O empresário Alexander de Castro Alves, de 39 anos, foi executado com cerca de 30 tiros de fuzil na porta de casa, em Sepetiba, terça-feira à noite. O crime foi testemunhado pela mulher e as duas filhas dele, de 5 e 6 anos, através das imagens geradas por câmera na entrada do imóvel. Ao ouvir o barulho da picape do marido — uma Volkswagen Amarok blindada —, a esposa, que o aguardava para ir à igreja e estava no quarto com as crianças, ligou a TV no canal que sintoniza o equipamento de segurança e acabou assistindo ao crime. Na ação, um funcionário de Alexander também foi assassinado.

A vítima tinha acabado de sair do veículo e conversava com três empregados, por volta das 19h40. Um deles desceu a rua onde o empresário morava, a caminho da Estrada de Sepetiba, e logo depois um carro hatch de cor escura se aproximou. Quatro homens armados com fuzis saíram do carro e começaram a disparar. Um dos funcionários correu subindo a rua e conseguiu escapar.

O empresário também tentou fugir, mas caiu após ser atingido nas costas. Já no chão, foi alvejado por mais de 30 tiros. Também baleado, o mecânico Juliano César Viana Madeira, de 26, ainda ficou agonizando até que um dos criminosos se aproximou e, com uma pistola, deu quatro tiros no rosto.

“Eles chegaram com o farol muito alto, e a luz distorceu as imagens, mas um bandido que ficou de frente para a câmera pôde ser visto nitidamente: branco, alto, forte e vestido com uma camisa da Polícia Civil”, contou um investigador, que analisou as imagens.

O empresário, que era nascido e criado em Sepetiba, e conhecido por todos como De Castro — tinha firma de terraplenagem e alugava máquinas e equipamentos para obras da prefeitura e do estado. Proprietário de mercado em Santa Cruz, também na Zona Oeste, ele iria inaugurar filial nas próximas semanas.

Em 2011, De Castro foi investigado pela Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da Polícia Federal, acusado de explorar ilegalmente a retirada de barro, argila, saibro e terra em uma área de extração mineral em Santa Cruz, além de outros crimes ambientais, como a derrubada de milhares de árvores.

Pai foi detido há três anos

Na época da investigação da Polícia Federal, em 2011, o delegado Fábio Scliar apontou que o empresário De Castro teria expulsado o detentor das autorizações para explorar a atividade na área de extração mineral em Santa Cruz.

Durante a Operação Presença, realizada no dia 19 de agosto daquele ano, 40 pessoas foram detidas — entre elas, o pai do empresário. Um oficial da PM foi investigado por alugar caminhões para o transporte do material, que, segundo declarações dadas pelo delegado federal na ocasião, era vendido para construtoras que participavam da obra do Arco Metropolitano. A ação teve apoio de agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e da Polícia Militar.

“A família toda já tinha falado para ele sair daqui, ir morar na Barra da Tijuca ou no Recreio. Ele estava bem financeiramente. Começou com nada e estava com dinheiro. E o problema daqui é que ninguém pode ter dinheiro. Infelizmente”, desabafou um amigo da vítima, que pediu para não ser identificado. 

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