Por felipe.martins

Rio - Após o sepultamento do menino Luis Felipe, de 3 anos, morto com um tiro na cabeça enquanto dormia durante operação da PM em Costa Barros, cerca de 30 moradores fizeram um protesto em frente ao 41º BPM (Irajá) e bloquearam por alguns minutos a Avenida Martin Luther King, na Zona Norte do Rio. Os manifestantes chamaram os policiais de assassinos. Em seguida, foram autorizados a entrar no pátio do batalhão, onde estão conversando com policiais responsáveis pelas operações na comunidade e recebendo explicações.

O corpo do menino Luis Felipe foi enterrado nesta terça-feira no Cemitério de Irajá, Zona Norte do Rio. Muito emocionada, a mãe da criança, Jurema Rangel Bento Paes, 19 anos, precisou ser amparada por familiares. O menino foi morto enquanto dormia na manhã de terça-feira durante uma operação do 41º BPM (Irajá) na Favela da Quitanda, em Costa Barros.

Luís Felipe Rangel Bento%2C de três anos%2C foi baleado na cabeça nesta quarta-feira%2C enquanto dormia em sua casa%2C em Costa Barros. Ele foi sepultado nesta quinta%2C em IrajáReprodução

"Ele dormia como um anjo. Por que fizeram isso?" , indagou a mãe durante o enterro, em uma das poucas frases que conseguiu dizer.

Cerca de 100 moradores de Costa Barros chegaram ao local do enterro em três ônibus portando cartazes e faixas. Em uma das faixas havia a frase 'Costa Barros está em luto. Mais uma criança inocente'. Muitas crianças da comunidade estavam vestidas com camisas brancas com a imagem do menino e segurando rosas brancas.

Um amigo da família, que se identificou como Alexandre Caio, 41 anos, afirmou que os moradores de Costa Barros que perderam amigos e parentes vítimas de bala perdida vão formar uma comissão para se reunir com o governador do estado.

Também no enterro, Anailza Rodrigues da Sila, 39 anos, mãe da Bruna Silva Ribeiro, contou que perdeu a filha morta com um tiro de fuzil no abdomem, no dia 27 de julho de 2012 . Ela abraçou a mãe de Luis Felipe . "É mais uma criança morta com um tiro. A polícia faz operações na porta das escolas, em horário de aula. Até quando essas mães vão chorar pelas mortes de seus filhos?", indagou ela.

Mais duas pessoas baleadas na comunidade

Logo após a sua morte, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto no local, ao mesmo tempo em que a PM realizava uma nova operação na comunidade. Segundo a Rio Ônibus, pelo menos 14 coletivos, todos do Consórcio Internorte, foram apedrejados durante o protesto. Na Avenida Bernardino Rocha, os moradores usaram televisores velhos e ate sucata de um carro para bloquearem a rua. Já na Estrada de Botafogo, o policiamento está reforçado com o carro blindado da PM.

Durante a operação, mais duas pessoas foram baleadas. O motorista Cláudio Renato da Silva, de 30 anos, estava num bar por volta das 11h, quando foi atingido de raspão na costela. Já uma menor de 14 anos levou um tiro na perna. Os dois foram levados para a UPA.

Segundo o comandante do 41º BPM (Iraja), Luis Carlos Leal, os 14 policias envolvidos na ação foram chamados para prestar depoimento na DH da cidade, nesta quinta-feira, e todas as armas utilizadas na ação foram apreendidas para perícia. Policias alegam que não revidaram ação dos suspeitos.

"Desde segunda-feira estamos colocando um blindado na entrada do Morro da Quitando, em Costa Barros para interceptar qualquer movimentação suspeita. Temos recebido muitas denúncias de que criminosos da comunidade estavam praticando roubos de cargas da Via Dutra", disse Leal.




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