Rio - O bloqueio nas ruas do entorno do Maracanã, que começou mais cedo ontem, às 10h, conseguiu evitar novos episódios de invasão do estádio, mas deixou moradores e até funcionários da Fifa irritados. Quatro médicos e dois enfermeiros com credenciais da organização foram barrados no bloqueio na Rua Professor Gabizo, por volta das 13h.
Segundo os policiais, uma nova ordem recebida proibia a entrada de qualquer pessoa naquele acesso. A comitiva foi orientada a procurar uma outra entrada que permitisse a passagem. Após as reclamações, cerca de duas horas depois, o acesso foi liberado.
Cambistas fizeram da Estação Maracanã e da rampa de acesso ao estádio o seu ponto de negociação. Alguns usaram uniformes das seleções da França e do Equador para se camuflar entre os torcedores.
Segundo a Polícia Militar, até as 17h30, 37 pessoas foram conduzidas para três delegacias (17ª,18ª ou 19ª) por negociar a compra e venda de ingressos no entorno do Maracanã.
Um homem foi preso na rampa com bolos de tickets e dinheiro. Grupos também tentavam negociar ingressos a 450 dólares em uma área da estação em frente a bilheteria. Alguns torcedores chegaram ao local com placas no pescoço com a frase “I need tickets” (eu preciso de ingresso), na Avenida Radial Oeste.

O morador da Rua General Canabarro, Ronaldo Gomes, de 52 anos, reclamou da rigidez dos bloqueios. Ele contou que foi impedido de passear com seu cachorro nas ruas transversais ao estádio. “É um absurdo! Tenho o meu direito de ir e vir”, reclamou Gomes.
PMs: jornadas excessivas
Policiais militares também queixaram-se da nova organização da segurança. Segundo agentes, eles tiveram que fazer uma jornada maior de trabalho por conta da antecipação dos bloqueios, sem ter nenhuma rendição. Eles disseram que chegaram às 6h nos pontos e que só poderiam sair às 21h.
Além disso, reclamaram do longo tempo expostos ao calor, da falta de água e banheiros disponíveis. “Estamos vivendo um dia de presidiário. Isso é uma tortura. Teve até policial que desmaiou. Até as licenças médicas foram cassadas”, disse um policial, que não quis se identificar.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) esteve ontem no Maracanã e ouviu as queixas dos policiais. Ele disse que pretende entrar com ação no Ministério Público Estadual e do Trabalho. “Estão massacrando os policiais. O crime de maus-tratos é claro”, disse.