Por leonardo.rocha

Rio - Parte do grupo de indígenas que vivia na Aldeia Maracanã, retirados da área em uma reintegração de posse em 2013, ainda briga na Justiça para conseguir voltar a ocupar o local. Os indígenas não aceitaram a oferta de casas do Programa "Minha Casa, Minha Vida", que serão entregues nesta segunda-feira, e criticam a proposta feita pelo governo aos indígenas, de transformar o prédio em um centro cultural.

Índio resiste à desocupação em cima de árvore

Galeria de fotos da desocupação da Aldeia Maracanã

Índios resistentes não aceitaram a oferta de casas do Programa "Minha Casa, Minha Vida", que serão entregues hojeAlessandro Costa / Agência O Dia

A criação de um centro cultural na área foi feita por decreto do então governador do Rio Sérgio Cabral publicado em dezembro de 2013, logo depois de mais uma reintegração de posse feita pela polícia no local. De acordo com o decreto, a área deveria ser destinada à criação de um “Centro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas/Universidade Indígena, para o desenvolvimento de atividades culturais”.

O projeto é de responsabilidade da Secretaria de Cultura, que diz estar licitando a contratação do projeto de arquitetura e restauração do prédio. O modelo de gestão e o cronograma de obras também ainda não estão definidos, segundo a secretaria, que espera começar as obras no próximo mês.Os índios que aceitaram o acordo com o governo dizem que a secretaria estadual prometeu que eles participariam da gestão e que o espaço seria entregue em abril de 2016. Entretanto, eles acreditam que a intenção do governo estadual é transferir a gestão para a Fundação Darcy Ribeiro. A assessoria da instituição nega e a secretaria estadual negam.

Segundo a Secretaria Estadual de Cultura, "O novo Centro de Referência permitirá experiências e vivências dentre os indígenas de diversas etnias. Entre seus diversos objetivos estão: atuar como ponto de contato e apoio para atividades culturais indígenas em escolas, faculdades e outras instituições interessadas na temática indígena; ser espaço para realização de atividades artísticas e culturais, educativas e espirituais da tradição indígena; e promover o intercâmbio entre os povos indígenas brasileiros, latino-americanos e do mundo”. Apesar disso, o local não servirá como moradia.

Os 22 indígenas da Aldeia Maracanã que aceitaram sair do museu antes que policiais militares executassem a reintegração de posse receberão hoje os apartamentos do programa federal de habitação em uma cerimônia que contará com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Desde a desocupação, há um ano e quatro meses, eles estão morando em contêineres na Colônia Curupaiti, antigo local de isolamento de portadores de hanseníase, na zona oeste do Rio.

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