Por paloma.savedra

Rio - Durante ato contra a criminalização da Liberdade de Manifestação, realizado na manhã desta terça-feira, na Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro, a deputada estadual Janira Rocha (Psol) rebateu as acusações de que facilitou a fuga da advogada ativista Eloísa Samy, na saída do Consulado do Uruguai, na noite desta segunda-feira. Janira saiu do prédio com Eloísa - considerada foragida - e mais um casal de namorados, também ativistas, que pediram asilo no país, e deu carona aos três até São Conrado. 

Deputada estadual Janira Rocha nega que conhecia os ativistas e alega ter apenas dado uma carona a eles na saída do Consulado do Uruguai na última segunda-feiraSeverino Silva / Agência O Dia

"Não facilitei fuga alguma. A obrigação de prendê-los ou mantê-los dentro daquele local é do estado e da polícia. Sou parlamentar e a Constituição Federal me manda fiscalizar as condições as quais essas pessoas estão sendo submetidas", declarou a deputada, que completou:

"Entrei pela porta da frente do consulado e saí pela porta da frente. Faria de novo, dei apenas uma carona a três ativistas. Fui pelo elevador, depois pela garagem, com todo meu trajeto filmado pelas câmeras de segurança e não dei fuga a ninguém. Apenas atendi a um pedido de carona até o bairro de São Conrado". De acordo com a Polícia Civil, ela pode ser indiciada por crime de favorecimento.

A deputada alega ainda que não conhecia os ativistas e que foi ao Consulado do Uruguai também tentar convencer a cônsul Myrian Franschini a permitir a permanência dos três, até que fosse concedido o habeas corpus pela Justiça.

"Não conhecia a Eloísa. Conheci ontem (segunda-feira), depois que me pediram para acompanhar os ativistas até que fosse concedido o habeas corpus. Mas a ordem da cônsul era para que todos saíssemos de lá. Não esperaram que o habeas corpus saísse", disse a deputada.

A advogada Eloísa Samy (camiseta listrada)%2C no Consulado do Uruguai%3A manifesto divulgado na internetEfe

Membros da OAB criticam prisões

Desde as 10h desta terça-feira, advogados e manifestantes participam de ato de desagravo às prisões dos 23 ativistas, denunciados pelo Ministério Público, na sexta-feira. Entre os acusados, estão a manifestante Eloísa Quadros, conhecida como Sininho, e Fábio Raposo, que já responde a outro processo criminal, pela morte do cinegrafista Santiago Andrade. Ao final do ato, será assinado um manifesto coletivo contra as prisões.

O 'Ato em Defesa da Democracia e Contra a Criminalização da Liberdade de Manifestação' foi aberto com pronunciamento do vice-presidente da OAB-RJ, Ronaldo Cramer. "Desde o início das manifestações, a OAB tem dado apoio aos advogados que queiram exercer seu trabalho. Não somos a casa dos advogados. Somos, acima de tudo, a casa da Democracia. E por isso apoiamos os trabalhos de todos os profissionais", declarou Cramer.

Membros da OAB e manifestantes realizaram na manhã desta terça-feira um ato contra as prisões dos 23 ativistas Severino Silva / Agência O Dia

Ele criticou ainda as investigações da Polícia Civil, que culminaram na denúncia do MP: "Nada se compara ao que temos visto desde o início desse caso. Um inquérito aberto sem provas, às vésperas de um ato anunciado (manifestação no fim da Copa), com a clara intenção de impedir que o mesmo acontecesse".

A presidente da Comissão da Verdade no Rio de Janeiro, Nadine Borges, disse que vai solicitar a presença do grupo e também da Comissão de Direitos Humanos da OAB, nos locais onde os manifestantes estão detidos. "A isenção do direito ao habeas corpus nos aproxima da barbárie", declarou ela.

Membro do conselho Federal da OAB, Wadih Damous, acredita que as medidas foram arbitrárias: "Como alguém pode se defender sem saber exatamente contra o que está sendo acusado? Ninguém está acima da lei. Nem juízes, nem o Ministério Público", disse.

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