Rio - O delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios (DH), informou na noite desta quarta-feira que os policiais militares Vinicius Lima Vieira e Fábio Magalhães Ferreira serão indiciados por homicídio triplamente qualficado. O inquérito será enviado ao Ministério Público e a prisão preventiva dos cabos já foi pedida.
Os PMs são acusados de levar três menores para o Morro do Sumaré, na Tijuca, em junho e matar um deles. Na ocasião, Mateus Alves dos Santos, 14 anos, foi baleado no local e não resistiu. Outro adolescente, de 15 anos, também foi atingido, mas sobreviveu. Em depoimento, ele afirmou que Vinicius e Fábio conduziram os três até o alto do morro, decidindo liberar um deles após alguns minutos. O rapaz poupado foi deixado pelos policiais na Lapa e sofreu ameaças da dupla. Os PMs estão presos administrativamente na Unidade Prisional (antigo BEP).
Barbosa disse ainda que o menor foi localizado e também prestou depoimento na DH. Ele confirmou a versão do adolescente baleado e será incluído no programa de proteção à testemunhas. Segundo o delegado, o jovem só sobreviveu por contar aos PMs que era conhecido de um homem que trabalha no camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio, do qual os policiais seriam amigos.
O vídeo que mostra a ação de Vinicius e Fábio foi enviado para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli, para averiguar se o equipamento deixou de filmar os PMs quando a viatura foi desligada. A perícia ficará pronta em 30 dias. No entanto, Barbosa afirmou que a falta dos 10 minutos de filmagem não compromete as convicções, pois os agentes estão convictos de que a dupla assassinou um menor e tentou matar os outros.
Guardas municipais foram chamados
Mais cedo, os dois guardas municipais que apreenderam o menor liberado no Sumaré chegaram na DH para prestar depoimento e identificar o rapaz. Agentes vasculharam a região onde foi abandonado o corpo de Mateus para tentar achar outras vítimas, mas nada foi encontrado.
Na tarde de terça-feira, os PMs também estiveram na DH, mas deixaram a delegacia sem prestar depoimento. Eles requisitaram formalmente o pedido para serem ouvidos na sexta-feira quando terão tempo hábil para consultar os advogados. O vídeo feito pela viatura mostra quando o cabo Lima para o carro, às 9h31, para que o cabo Magalhães saia da viatura, com um fuzil.
Depois da captura de dois suspeitos e de outro adolescente, levado na viatura porque estava olhando a cena, Lima faz uma proposta ao colega de farda: “Vamos lá para cima?”. Magalhães concorda, com surpreendente naturalidade: “Descarregar a arma um pouquinho”, diz. O colega dele, então, sentencia: “Jogar (os corpos) lá de cima”. “Infelizmente, temos policiais ruins, ligados ao crime, verdadeiros bandidos. Mas a polícia que praticou essa barbárie foi a polícia que os prendeu”, disse, na segunda-feira, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.
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