Por thiago.antunes

Rio - O meio-campo do Flamengo Luiz Antônio de Souza Soares, de 23 anos, negou nesta quinta-feira, em depoimento de quase duas horas a agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), ter dado seu Ford Edge V6, avaliado em R$ 130 mil, a Marcos José de Lima Gomes, o Gão. O miliciano foi preso no último dia 5, apontado como um dos chefes da Liga da Justiça, quadrilha com forte atuação na Zona Oeste. O atleta depôs na condição de testemunha.

No dia 11 de janeiro deste ano, mesmo dia em que, conforme a polícia, Luiz Antônio teria dado o carro a Gão, o pai do jogador, Luiz Carlos Francisco Soares, registrou o suposto roubo do automóvel na 42ª DP (Recreio). O boletim de ocorrência foi feito pelo policial civil Alexander da Rocha Antunes, o Sérgio Preto, que se dizia irmão de criação do atleta, e que foi preso por envolvimento com o bando. O apoiador sustentou a versão de roubo.

“Meu carro foi roubado com meu pai dentro, por isso acionei o seguro”, argumentou Luiz Antônio, admitindo que conhece Antunes. “Eu andava com ele, que se apresentava como meu irmão de criação. Mas não conhecia essa outra face dele (se referindo à ligação do policial com a Liga da Justiça). Nunca ia acreditar que um policial civil da ativa estivesse no meio disso. Estamos (ele e o pai) sendo acusados de uma coisa que a gente não fez. Nunca tive ligação nenhuma com milícia”, garantiu, ao deixar a sede da Draco, na Central do Brasil, onde jornalistas, torcedores e curiosos se concentraram.

O jogador está sendo investigado por estelionato, pois, segundo o delegado da Draco, Alexandre Capote, teria dado o chamado ‘golpe do seguro’. Capote disse que no decorrer do inquérito, se houver indício de envolvimento de Luiz Antônio com milicianos, ele poderá responder também por formação de quadrilha.
Luiz Carlos era esperado ontem à tarde para prestar esclarecimentos à polícia, mas não compareceu. “Espero que ele venha amanhã (hoje). Se não vier espontaneamente, será conduzido à sede da Draco por força policial”, ressaltou Capote, dizendo que vai ‘analisar minuciosamente’ o depoimento de Luiz Antônio. Dependendo da interpretação da polícia, o jogador poderá ser indiciado por estelionato, e o pai dele, por falsa comunicação de roubo.

Suspeito de envolvimento com a milícia%2C Luiz Antonio%2C jogador do Flamengo%2C prestou depoimento na sede da Draco%2C na Central do BrasilFoto%3A Carlos Moraes / Agência O Dia


Atleta deve voltar aos treinos hoje

O advogado do Flamengo, Michel Assef Filho, que acompanhou Luiz Antônio na Draco, disse que o jogador volta a treinar nesta sexta-feira. “Agora que ele já prestou os devidos esclarecimentos à polícia, volta a treinar normalmente. Vida que segue”, disse Assef Filho.

Mas o futuro do jogador rubro-negro é incerto. Há uma cláusula nos contratos atuais que não permite contratação e nem a manutenção de atletas na Gávea, caso o jogador tenha se envolvido em qualquer crime. Se ele for indiciado por estelionato, pode ser demitido por justa causa.

GALERIA: Jogador Luiz Antonio presta depoimento na Draco

Carro de luxo está sumido

Pelo sistema de controle de infrações de trânsito do município, o Ford Edge de Luiz Antônio tinha sido multado em R$ 102,15 por estacionamento irregular às 9h53 do dia 18 de novembro do ano passado. A multa foi paga no dia 31 de janeiro, 20 dias depois que o registro do suposto roubo do veículo ter sido feito na 42ª DP (Recreio).

Na ocorrência, escrita em poucas linhas, o comunicante informou apenas que o automóvel foi levado por dois homens numa moto, usando capacetes e pistolas, em Guaratiba, também na Zona Oeste. O suposto roubo também foi comunicado por Luiz Antônio a uma seguradora. De acordo com ex-miliciano que colabora com a polícia, o veículo teria ficado pelo menos três semanas em poder de Gão. Até hoje o carro está desaparecido.

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