Por adriano.araujo

Rio - A Lagoa Rodrigo de Freitas não terá uma nova sequência de dias impróprios para atividades esportivas até a Olimpíada de 2016, garante o presidente da Cedae, Wagner Victer. Em parceria com a concessionária responsável pela Linha 4 do Metrô, ele toca as obras que lançarão as águas do lençol freático — necessárias para continuidade das intervenções no subsolo — no emissário submarino de Copacabana, a 3.600 metros da costa, em até 30 dias. Os 380 litros de água por segundo despejados nas últimas semanas nas águas da Lagoa, aliados à condição climática, deixaram as águas impróprias e assustaram esportistas, a um ano de evento-teste para os Jogos Olímpicos.

O volume de água foi similar ao consumo diário de cidades de médio porte, como Macaé e Nilópolis, explica a Cedae. Como trunfo para que o quadro não se repita, Victer conta com o Controle da Lagoa. O espaço, modernizado em 2010, monitora 24 horas os níveis e funcionamento de cada reservatório e identifica possíveis emissões clandestinas de esgoto na Lagoa. As irregularidades ali rastreadas, assim como as adversidades climáticas previstas, são combatidas em trabalhos conjuntos a outros órgãos, como o Fundação Rio-Águas e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Victer tem tocado obras que vão lançar águas a 3.600 m da costaAlexandre Vieira / Agência O Dia

“Também criamos uma espécie de ‘cinturão’ de proteção da Lagoa, que capta qualquer ligação das águas pluviais (inclusive as irregulares), em dias sem chuva. Os painéis nos indicam o bom funcionamento. A Lagoa Rodrigo de Freitas, hoje, é referência internacional”, explica o diretor de grandes operações da Cedae, Jorge Briard.

O trabalho do Centro de Controle foi fundamental para os bons níveis registrados desde 2012. Todos fomos surpreendidos pelo volume de água, mas as providências já estão sendo tomadas”, garante Victer, que diz confiar plenamente nas medições de coliformes. “Eu praticaria wakeboard ou stand up paddle hoje, sem peso na consciência”, empolga-se.

Em nota, o Consórcio da Linha 4 informa que laudo da Rio Águas, emitido na quinta-feira, apontou como causa provável do aumento dos níveis de coliformes na Lagoa a ocorrência de chuvas. ‘Desastres ecológicos’ provenientes do rebaixamento também foram descartados.

O rebaixamento do lençol freático se fez necessário para diminuir a pressão que a água exerce no processo de escavação no subsolo, até que a construção das estruturas definitivas (laje de fundo e paredes da estação) sejam concluídas.

Controle da Lagoa%2C espaço modernizado em 2010%2C monitora 24 horas por dia emissões clandestinas de esgotoFabio Gonçalves / Agência O Dia

Medições de limpeza

Além dos boletins diários dos níveis de limpeza da Lagoa, a prefeitura também realiza, duas vezes por semana, medições dos níveis de coliformes fecais encontrados na água. “Uma sonda capaz de mensurar parâmetros de temperatura, PH e oxigenação flutua, a todo instante, pela Lagoa. Os resultados são informados duas vezes por semana”, explica a engenheira química Vera Oliveira, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Porém, para que os níveis informados sejam considerados satisfatórios, por resolução do Conama, é necessário que se mantenham positivos em 80% do tempo, nos últimos seis laudos. As medições são feitas em três áreas diferentes estabelecidas por decreto municipal. No relatório divulgado esta semana, a região próxima ao Corte do Cantagalo, onde pessoas se divertem em pedalinhos, estava imprópria.

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