Por thiago.antunes

Rio - Sombra garantida nos dias de sol forte, as amendoeiras da cidade vivem hoje um segundo outono. Por falta de chuvas, a espécie tem desfolhado fora de época, livrando-se de parte de suas folhas para conservar a umidade interna. O resultado, para quem passa, é um colorido tapete de tons avermelhados nas calçadas.

Chão fica colorido com folhas secas das amendoeiras da Praça ParisJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

O engenheiro florestal responsável pela arborização da Fundação Parques e Jardins da Prefeitura do Rio, Flávio Telles, conta que a queda das folhas é uma forma de a árvore racionar a água que recebe das chuvas e do lençol freático, no subsolo, para se manter viva. “Temos verificado isso em períodos de estiagem. Ela se desfaz de algumas de suas folhas para evitar a perda de água em períodos sem chuva”, explica Telles.

A espécie foi uma das mais plantadas no Rio de Janeiro desde o século 18, quando o escultor e arquiteto Mestre Valentim projetou o Passeio Público, no Centro, e ordenou o plantio das primeiras mudas. Atualmente, as amendoeiras estão fora do planejamento de arborização da cidade.

A escolha na época se deu porque a espécie atendia aos critérios de rápido crescimento, boa sombra, e adaptação satisfatória ao clima tropical, mas passou a ser a vilã da conservação da cidade. Ao ser plantada em pontos com pouco espaço, as raízes rompem com o cimento e destroem as calçadas.

Quebradeira

“A amendoeira precisa de um espaço mínimo de 2 metros para crescer. Para evitar o problema, moradores cimentam a árvore até a base do tronco, mas não adianta: ela vai quebrar tudo”, diz o engenheiro florestal.
Além disso, o volume exagerado de folhas que caem entopem os bueiros. Nos períodos de queda mais intensa, a Comlurb é obrigada a reforçar o esquema de varrição nas ruas da cidade.

O número exato de amendoeiras ainda é desconhecido da prefeitura, mas um censo das árvores do Rio está previsto. “A Comlurb está com edital pronto para o levantamento, mas ainda falta o dinheiro”, lamenta Telles. No lugar das amendoeiras, outras espécies são cotadas para arborizar e dar as cores da cidade: ipês (roxos, amarelos e brancos), aldragos (que exalam aroma doce), e o clássico pau-brasil: todas nativas da Mata Atlântica.

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