Por bferreira

Rio - Levantamento feito pelo Banco Central apurou que a taxa média de crédito livre no Brasil ficou em 43,2% ao ano (dados de julho de 2014). Em termos práticos, significa que os juros subiram pela sétima vez seguida e que representa a maior taxa média praticada desde março de 2011.

Nesta ponderação, os juros do cheque especial atingiram 172,4% ao ano, o que corresponde a 8,709% ao mês. Ou seja, se você usar R$ 1 mil do limite do especial por 30 dias, o banco descontará R$ 87 na conta.

Ao mesmo tempo, a Confederação Nacional do Comércio divulgou pesquisa que mostra que o 63,6% das famílias brasileiras estão com dívidas. Isso representa que em cada 5 famílias, 3 delas têm prestações mensais para pagar, nem que seja da compra da casa própria e do carro. Outra conclusão que se pode tirar é que 19,2% das famílias estão inadimplentes com as contas. Falando de outra forma das 3 famílias endividas em cada 5 no Brasil, 1 delas não consegue quitar dívidas no fim do mês.

O governo estimulou o consumo das famílias, como uma das válvulas de escape para a economia crescer e o PIB funcionar. A orientação foi embalada pela facilidade de crédito, diminuição inicial dos juros e a desoneração fiscal de alguns produtos como carros, eletrodomésticos e material de construção.

O povão foi às compras, vendo que a crise econômica internacional não fazia estrago por aqui. O problema é que o governo se enrolou. Os gastos públicos só cresceram, a carga tributária continua elevadíssima, o PIB aumentará pouco (entre 0,5% e 1%) e as juros subiram novamente. E agora, colocam a culpa na crise internacional que seria só marolinha.

Quem acreditou na história se deu mal, fez dívidas, passa sufoco e não consegue pagar as contas com o salário. Estamos em meio à campanha eleitoral e todos os candidatos têm discurso acertadinho sobre a economia. Fazer o diagnóstico dos problemas é simples, dizer o que é necessário fazer também. A incógnita é perceber por trás das palavras, quem será capaz de fazer o necessário. Se errarmos, será difícil mudar o quadro de endividamento das famílias.

Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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