Rio - Se para a maioria das pessoas o dia das crianças é marcado pela alegria, para outros a data é motivo de saudade. Um exemplo disso é a trabalhadora autônoma Adriana Maria da Silveira, 42, que recorda a morte da filha Luíza Paula Machado, uma das 12 vítimas do massacre da escola Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, ocorrido em 2011. Adriana junto com os pais e amigos das vítimas fundaram a Associação Anjos de Realengo que luta contra o bullying, uma das razões que resultou a fatalidade.
Neste domingo, eles se reuniram no cemitério Jardim da Saudade em Sulacap para fazer uma oração e se depararam com uma novidade. Com o objetivo de manter viva a memória das crianças, a empresa Start-up Memoriall instalou gratuitamente nas lápides das vítimas tags informativas que podem ser lidas por smartphones e tablets, onde é possível acessar informações, como fotos, vídeos e a biografia das crianças.
O serviço é novo em um mercado pouco explorado pela tecnologia, como o de funerais. Ele oferece a possibilidade de criar uma biografia completa de pessoas falecidas que pode ser acessada por meio da leitura de um QR Code – (código bidimensional). Entre os itens disponíveis no sistema estão criar a árvore genealógica da família , biografia, mural de fotos, mensagens personalizadas, obituário e vídeos.
De acordo com Adriana Maria da Silveira, que preside a Associação, a iniciativa é uma oportunidade das pessoas conhecerem quem foi cada criança e o que eles queriam ser na vida. "Gostaria que a população olhasse para esse cantinho não mais como sofrimento e dor, mas como transformação para o nosso país. Eles partiram e deixaram um legado que é a mudança na educação", frisa.
Silveira ainda lembra como era o dias das crianças quando tinha a presença da filha Luíza. "Era um dia de muita alegria na minha casa. Trazia todas as amiguinhas dela para brincar. Hoje é um dia pesado de muita recordação", recorda.
Para o diretor comercial da Memoriall e responsável pela iniciativa Ricardo Marques a ideia do serviço é manter viva a lembrança dos antepassados e poder compartilhar com as futuras gerações as informações, os desejos e as realizações das crianças ainda em vida. “Acreditamos contribuir para que a memória destes pequenos anjos permaneça viva e contribua para pensarmos num futuro com mais segurança, tolerância e aceitação das diferenças”, finaliza.