"Nós vamos te matar. Queremos justiça! Assassina, monstra! Se soltarem vocês, nós vamos matar", gritaram dezenas de moradores, que cercaram o carro da polícia durante a diligência. A faca apreendida, semelhante às de açougueiro, estava com manchas de sangue. Além de Cleusa, uma testemunha que teria presenciado um dos crimes de Sailson acompanhou os agentes. Sua identidade foi preservada para não atrapalhar as investigações.
O clima no bairro é de revolta. Um morador que não quis se identificar informou que vizinhos cogitaram a ideia de incendiar o imóvel onde Sailson, Cleusa e José moravam, mas desistiram da ideia. "Todo mundo está muito revoltado com o que aconteceu. Depois da morte da Fátima, o Sailson e a Cleusa foram beber em um bar e falaram alto que haviam cometido o crime. Todo mundo aqui ficava desconfiado com ele, por ser muito calado. Agora, já o chamam por aqui de 'Maníaco do Corumbá'", disse.
'Tinha prazer quando ela se debatia', diz serial killer
"Eu parava na padaria, numa praça, ficava vendo jornal. Olhava para uma mulher e falava: 'é essa'. Ia seguindo até em casa, mas nunca estuprei ninguém. Mulher pra mim tinha que ser branca, negra não, por causa da minha cor. Eu tinha prazer quando ela se debatia, gritava e me arranhava. Eu pensava que eu era meio maluco, às vezes normal", disse.
Demonstrando muita frieza e calma, Sailson afirmou ser viciado em matar: "A primeira mulher que eu matei foi estrangulada com as mãos. Sentia prazer, gostei! Tinha um desejo muito forte. Já matei umas 38 mulheres, tinha vício", garante o serial killer, que se arrepende de apenas um crime. "Não me arrependo e parar de matar é difícil. Saindo da cadeia, voltaria a matar novamente outras 38 mulheres. Só me arrependo no caso da criança, mas não teve jeito. A criança chorava muito e poderia acordar os vizinhos", lembra.
Segundo do delegado assistente da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Marcelo Machado, Sailson cometia ato libidinoso após matar as vítimas. "Em algumas ocasiões, ele matava as vítimas e se masturbava ao vê-las de olhos abertos", detalha.
De acordo os agentes os policiais da DH Baixada, a morte de Fátima Miranda, na última terça-feira, foi o pontapé inicial para prender o trio e destrinchar essa inacreditável história. "Tudo começou no dia 9, quando fomos chamados para um homicídio em Corumbá, em Nova Iguaçu. Três suspeitos foram conduzidos para a delegacia (José Messias, Cleuza e Sailson). Traçamos o perfil dele. Ele tem prazer em matar mulher. Ele esgana as mulheres com as mãos".
Segundo as investigações, quatro assassinatos que aconteceram nos últimos dois meses (Francisco Carlos Chagas, morto no dia 23 de outubro; Paulo Vasconcellos, morto no dia 12 de novembro; Raimundo Basílio da Silva, morto no dia 30 de novembro e a Fátima) foram por ordens de Cleuza. O delegado Marcelo Machado disse que outras pessoas estavam marcadas para morrer.
"O Sailson contou que teria uma lista para matar outras pessoas na próxima semana, a mando da Cleuza. Porém, a lista não foi encontrada". Já o delegado titular, Pedro Henrique Medina, não descarta a hipótese de Sailson ter inventado todas essas mortes. Porém, tudo leva a crer que ele realmente cometeu os crimes por conta dos detalhes contados durante o depoimento.
"Tudo indica que não, porque ele esta dando detalhes com riqueza. Inclusive, num dos crimes, ele disse que quebrou uma faca na perna de uma vítima. E isso foi confirmado". Sailson já foi preso por roubo em agosto de 2007, preso por furto em janeiro de 2007, porte ilegal de armas, fevereiro de 2010 e furto privilegiado, em 23 de fevereiro desse ano. Agora, os policiais pedem que familiares de vítimas mortas por estrangulamento compareçam na delegacia para ajudar nas investigações.