De acordo com os militares, ainda no domingo, uma terceira vítima, uma adolescente de 15 anos, foi resgatada pelos militares e encaminhada ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Os trabalhos de buscas também aconteceram nesta segunda-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, participam mergulhadores, motos aquáticas, bote de salvamento e aeronave da corporação são utilizadas nas buscas.
O corpo do fisiculturista e assistente administrativo Daniel Lopes, 25 anos, foi reconhecido por volta das 21h desta segunda-feira pela irmã, Michele Lopes, no IML (Instituto Médico Legal). Daniel estava desaparecido desde domingo, quando pulou no mar durante a festa Hepa OnBoard em um barco. Ele e um amigo pularam quando a embarcação, que saiu da Marina da Glória, na Zona Sul do Rio, passava pela praia de Jurujuba, em Niterói. De acordo com a irmã do rapaz, Michele Lopez, o jovem não sabia nadar. No final da tarde desta segunda-feira o corpo foi encontrado pelo 4º GMar (Grupamento Marítimo) de Itaipu.
No dia do afogamento, o amigo de Daniel ainda conseguiu puxar o jovem pelo braço por duas vezes, mas não teve forças para mantê-lo à tona. A irmã do jovem reclama a ausência de um esquema que garantisse a segurança dos ocupantes do barco durante o evento. "Pelo que o amigo dele me contou, nenhuma pessoa do barco pulou para ajudar. O socorro do Corpo de Bombeiros demorou mais de uma hora para chegar. Não havia ninguém no barco habilitado para prestar socorro. E numa festa no mar, todos deviam estar com o colete no corpo. Sei que as pessoas que estavam no barco eram maiores de idade, mas, da forma como tudo ocorreu, é a mesmo que pegar um avião de porta aberta", disse.
O organizador da festa, Michael Rodrigues, afirmou que a segurança para a realização do evento foi garantida. "O barco passou por inspeção da Marinha e estava habilitado. O capitão, no ínício da festa, avisou às pessoas da presença de coletes salva-vidas e de boias para quem quisesse mergulhar. Além disso, o barco, que tem capacidade para 120 pessoas, contava com 80 convidados da festa além do staff da organização, portanto abaixo da capacidade máxima autorizada. Assim que o acidente aconteceu, o som do barco foi desligado até a chegada dos Bombeiros. Assim que o barco foi liberado para voltar à Marina da Glória, o procedimento de retorno foi feito e a festa encerrada", assegurou.
Por volta das 19h30, a reportagem do DIA conseguiu falar com o amigo de Daniel. De acordo com André Phelipe Ribeiro, 28, as pessoas na festa foram avisadas da existência dos coletes e das boias, conforme disse o organizador da festa. No entanto, ele contestou a informação de que o barco voltou para a Marina da Glória com o som desligado. "A festa recomeçou assim que o Corpo de Bombeiros liberou o barco e continuou até a chegada da Marina da Glória". Para a irmã do fisiculturista, o recomeço da festa foi um "ato desumano". "Uma pessoa que vê um problema desse e dá continuidade ao evento é uma pessoa sem coração", disse ela. Na página da Hepa OnBoard no Facebook, frequentadores da festa afirmaram que o som voltou a ser ligado.