Por paulo.gomes
Rio - Reformado a partir do que parece ser uma obra irregular, um prédio de quatro andares desabou na Travessa do Liceu, quase esquina com Rua do Acre, no Centro do Rio, na madrugada desta segunda-feira. O desabamento aconteceu por volta de 1h30, logo depois da forte chuva que atingiu a cidade. Uma escavadeira foi usada para retirar os escombros do edifício, que tinha um bar no térreo, uma lan house no segundo andar e mais uma hospedaria desativada nos andares superiores. A retirada foi acompanhada por equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.

Moradores que preferiram não se identificar afirmaram que quando o dono do imóvel morreu, a hospedaria, conhecida como "casa das bonecas", foi fechada. Afirmam que nos últimos dois anos o dono de um bar que funcionava no primeiro pavimento estaria realizando uma obra irregular, sem autorização, para aumentar o número de andares. Dois pedreiros que trabalham na obra dormiriam lá após os trabalhos - mas não há vítimas. Outro morador disse que nos últimos dias diversas caçambas de entulhos foram retiradas do prédio, e que os pedreiros eram vistos alcoolizados.

O prédio de quatro andares na Travessa do Liceu%2C no Centro%2C desabou na madrugada desta segunda-feira. Segundo os bombeiros%2C ninguém ficou feridoEstefan Radovicz / Agência O Dia

"Removemos todo o entulho e desobstruímos a área que dá acesso ao interior do prédio para vermos se há vítimas", diz o subsecretário de Defesa Civil, Márcio Motta. "Precisamos investigar que obra era essa e como estava sendo feita. O dono do imóvel pode responder pelo crime de desabamento".

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O comerciante José Barbosa, que mora ali perto, disse que viu uma fumaça branca do sétimo andar do prédio onde vive. "Cheguei a achar que algo estava pegando fogo, ou que fosse desabamento causado por um raio", conta. "A poeira levantada pegou até as ruas e os prédios da frente".
O prédio ficou todo destruído internamente e uma parte do telhado da academia que fica colada ao prédio foi atingida, diz a Defesa Civil. A rua foi isolada pelos bombeiros e a Defesa Civil diz que as estruturas do prédio não foram abaladas. O prédio comercial que fica do lado direito da construção também será avaliado.
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Silenciosamente, a menina de rua S, 16 anos, entristecia-se pela destruição do prédio. Mas tinha motivos para comemorar. "Quase dormi embaixo da marquise do prédio. Levantei para tentar arrumar algo para comer. Se não tivesse feito isso, estaria morta", conta.