Por nicolas.satriano
Rio - Roberto Pires, de 49 anos, é militar da Aeronáutica e mora no condomínio Portal do Bosque, da Força Armada, em Sulacap. Na vizinhança, ele tem o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap) da Polícia Militar, onde também funciona a Academia Dom João VI, que forma os oficiais da PM. Cerca de 600 metros depois da entrada do condomínio, fica a 33ª DP (Realengo). Nenhum desses detalhes, porém, foi suficiente para que os Correios voltassem a entregar as compras que Roberto fez pela Internet. As remessas foram suspensas em outubro passado com um argumento insólito: “O local tem restrições de segurança.”
“Aqui não tem comunidade perto, não tem nem registros com toda essa movimentação policial. Eles (Correios) poderiam usar outro argumento para me obrigar a ir até o depósito deles, em Campo Grande, a cada compra que quero fazer. Já desisti de comprar mercadorias com preços ótimos por causa disso”, reclamou Roberto, que guarda os e-mails trocados com os Correios. No último deles, a empresa informa que a área está liberada.
Roberto mora perto de quartel da PM e delegacia%2C mas o endereço não é considerado seguro pelos CorreiosAlexandre Brum / Agência O Dia

“Tentei comprar em dois sites diferentes e em ambos vieram as mensagens alertando que os Correios não fazem entregas no CEP indicado. Acho que os Correios pensam que eu e os outros 180 moradores daqui somos idiotas”, criticou.

Em nota, os Correios informaram que o problema estaria no caminho entre o local de distribuição e o apartamento de Roberto. “A rota que atende a Avenida Alberico Dinis (onde fica o condomínio do militar) encontra-se em área de restrição de entrega. Essas áreas são estabelecidas com base em levantamentos realizados pelo setor de segurança dos Correios. Essa medida é temporária e reavaliada periodicamente. A restrição tem o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores, dos clientes e das encomendas postais.”

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Sem receber produtos, clientes desistem de compras já realizadas
Outro morador de área militar, mas em Bangu, o auxiliar administrativo Jorge Rodrigues, de 38 anos, vive experiência semelhante à de Roberto Pires na falta de entrega, mas com transtornos ainda maiores.
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“Comprei em agosto um pisca-pisca acionado por energia solar pela Internet. Achei muito interessante enfeitar a casa no Natal sem gastar eletricidade, mas a peça só chegou em janeiro e ainda assim, ficou no depósito dos Correios em Campo Grande. Peregrinei por três dias para conseguir pegar. Lá em casa, eles não entregam mais nada, dizem que é perigoso, mas garanto que não é”, lamentou Jorge.
Ele está prestes a desistir de uma outra compra, feita também em agosto, e que até agora não conseguiu resgatar, pois o depósito dos Correios abre às 9h, mas às 10h, já não havia mais senha de atendimento. “Na última vez, fiquei até meio-dia e não fui atendido. No dia seguinte, tentei uma folga no trabalho e não consegui. Vou tentar devolver a mercadoria”, ralata o auxiliar administrativo.
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O militar Roberto Pires também já deixou de comprar tênis, roupas e aparelhos eletrônicos. “Perdi um chuveiro. Tive que entrar em contato com o site, que me devolveu o valor no cartão, mas demorou muito para resolver o problema.”
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