Rio - Cidade Maravilhosa, o Rio se torna também, cada vez mais, uma cidade universitária. Com sete grandes instituições, todas em constante expansão, estudantes vindos de outros estados enfrentam dificuldades para realizar o sonho de morar e estudar na capital. Como O DIA publicou neste domingo, eles chegam a pagar R$ 2,2 mil por um quarto. São pelo menos 250 mil alunos da UFRJ, UFF, UFRRJ, Uerj, Unirio, PUC e Estácio de Sá. Destes, cerca de 20%, ou seja, 50 mil alunos, vêm de outros estados ou de municípios do interior.
Trabalhando e longe da família, eles enfrentam mais problemas que o normal para alugar o próprio apartamento perto da faculdade. “Vocês querem saber os perrengues?”, perguntou a estudante de Serviço Social, Amanda Nogueira, 20, enquanto seus amigos riam ao contar como foi o processo de aluguel do apartamento em que moram atualmente, nos arredores do campus da Praia Vermelha da UFF, em Niterói. Os seis moradores da ‘Mansão Procult’, nome que deram para o local, passaram por um processo dramático que durou três meses.
“Fui expulsa da casa onde morava, quase tive que chamar a polícia para reaver minhas coisas e quando cheguei na imobiliária para pegar as chaves do apartamento me disseram que ainda faltava documento”, contou Amanda. Hoje, com mais de um ano de contrato, os estudantes aguardam com pesar o fim dos 30 meses de aluguel. “A gente vive chorando só de pensar em refazer o processo”, lamentou Isabela Carvalho, 19, estudante de Produção Cultural.
Bolsistas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), Isabela Cabral, 21, e Aline Rastelli, 19, que cursam respectivamente Jornalismo e Serviço Social na PUC-Rio, não tiveram a mesma sorte dos estudantes da UFF. “A imobiliária tinha aprovado todos os documentos. Na hora de assinar o contrato e pegar as chaves, mudaram várias coisas. Até o valor aumentou”, explicou Isabela, que moraria com Aline e duas amigas num apartamento do lado da faculdade.
Há três semanas, as duas conseguiram alugar um quarto em Copacabana. “Fica entre a faculdade e o trabalho no Centro, mas ainda não é o ideal”, ponderou a aluna de Jornalismo. Para Aline, que veio do interior de Santa Catarina, a principal dificuldade é a burocracia: “É muita coisa. Tem que ser alguém que tem imóvel no Rio, comprovar uma renda altíssima”.
Elas decidiram parar de procurar um novo local por enquanto. “É desgastante. Às vezes, eu paro e me pergunto: ‘Quando é que vou ter condições de bancar algo só para mim?’”, questionou Isabela.
Demanda tem aumentado
Somente três das sete principais universidades da região têm alojamentos estudantis. UFRJ, UFF e UFRRJ oferecem juntas 2 mil vagas. Entretanto, esse número está muito aquém da demanda. Instituição que mais investe em assistência estudantil no país, a UFRJ recebe anualmente cerca de 10 mil novos alunos, 22% são de fora do Rio. Entretanto, seu alojamento tem 504 vagas em dois blocos. E, por conta de uma reforma, atualmente somente 250 quartos estão disponíveis.
O corretor de imóveis Zaldo Natzuka disse que a demanda vinda de estudantes tem aumentado. “Mas para as imobiliárias são clientes comuns. As empresas são frias ao analisar a possibilidade de pagamento”, explicou.
Na terça-feira: A realidade nos alojamentos estudantis