Rio - O desafio é grande: a 500 dias da abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, entre protestos de ambientalistas e alagamentos por temporais, o Rio corre contra o tempo para receber a maior festa do esporte mundial. Considerada um dos maiores legados para a cidade quando anunciada, a despoluição da Baía de Guanabara já foi descartada até pelo prefeito Eduardo Paes. “É uma pena, uma oportunidade perdida. Embora as competições ocorram próximas à Boca da Baía, onde o controle é mais fácil, o serviço não será completo”, disse Paes em entrevista canal SporTV.
O quadro flagrado ontem pelo ambientalista Mário Moscatelli, durante sobrevôo pela Baía de Guanabara, de fato, botava em xeque a promessa do governo estadual, responsável pelo saneamento, de 80% de tratamento das águas. Sedimentos e esgoto eram despejados nas águas que receberão provas de iatismo.
De acordo com Moscatelli, as estações de tratamento de Alegria e São Gonçalo não se encontram funcionando plenamente. “Não basta pensar somente em ter as raias das competições velejáveis, nos dias de disputa. Era a oportunidade que tínhamos de tratar os rios e fazer a coleta mecânica”, disse o biólogo.
O Governo do estado não comentou a fala do prefeito. Na semana passada, o diretor de produção da Cedae, Edes Fernandes, garantiu que as provas serão realizada com auxílio de ecobarcos e ecobarreiras.
Enquanto isso, as obras de mobilidade urbana e construção de instalações olímpicas caminham sob a desconfiança popular, mesmo com a promessa de cumprimento dos cronogramas.
Carros-chefe da mobilidade, junto com a Linha 4 do Metrô, as obras dos BTRs Transolímpico e Transoeste serão concluídas até junho do ano que vem. Somados, os corredores exclusivos para ônibus chegam a 90 quilômetros de extensão e serão integrados com os trilhos do metrô. Para quem irá da Zona Sul para a Barra, a duplicação do Elevado do Joá é outra aposta. Com cinco quilômetros de extensão, a obra permitirá aumento de 35% do fluxo de carros.
Em paralelo, a construção do Complexo de Olímpico de Deodoro, que sofreu atraso em seu início, hoje flui melhor. De acordo com a Empresa Olímpica, o local que será sede de 15 modalidades dos jogos olímpicos paralímpicos, já tinha 60% das áreas de competição construídas e terá suas últimas adaptações concluídas até o segundo trimestre de 2016, como os stands de tiro. Já obras do Centro de Mídia, no Parque Olímpico, têm conclusão prevista até o fim do ano. O Engenhão, que passou os últimos dois anos entre interdições e polêmicas, deve receber 15 mil assentos temporários para as provas de atletismo.
Venda de ingressos se inicia dia 31
A venda de ingressos começa no próximo dia 31. Com o calendário dos Jogos, brasileiros e estrangeiros enviarão os pedidos para as sessões olímpicas escolhidas. Cada torcedor poderá escolher ingressos para até 20 sessões diferentes, no endereço eletrônico: www.Rio2016/ingressos.
O resultado será divulgado em uma data ainda não definida de de junho. A segunda etapa de sorteios acontece em julho. Hoje, como marco dos 500 dias, o prefeito Eduardo Paes acompanhará a perfuração final da galeria continente do Túnel da Via Expressa — o maior túnel rodoviário urbano do Brasil, com 3,02 km do Armazém 8 à Praça 15.
PM ganha novo helicóptero
O Grupamento Aeromóvel (GAM) da Polícia Militar apresentou, ontem, a nova aeronave, que será entregue à corporação no segundo semestre deste ano, como O DIA NITERÓI informou no último domingo. O helicóptero EC 145, que recebeu o nome de Fênix, é mais potente e seguro que os outros da PM e faz parte dos investimentos da Secretaria de Segurança Pública para a Olimpíada.
A aeronave ficou exposta no pátio do grupamento durante a solenidade dos 13 anos de aniversário do GAM, que ganhou ontem mais um presente: o outro helicóptero, do mesmo modelo, chegará no início do ano que vem. Com isso, sobe para nove o número de aeronaves no GAM.
O EC 145 é blindado, tem capacidade para 11 pessoas — mais que as outras aeronaves da corporação —, conta com visão noturna, câmeras, que transmitem imagens em tempo real, e voa por instrumentos, função que os outros helicópteros não têm. Isso permite voar em condições climáticas adversas. Eles foram comprados pela Secretaria de Segurança Pública por R$ 60 milhões. O montante inclui, além do preço das aeronaves, custos com treinamento dos pilotos e equipamentos instalados.
Além das operações policiais, é função do GAM patrulhar as vias expressas e rodovias, atuar em ações humanitárias e auxiliar os bombeiros em incêndios e resgates. No mês passado, uma aeronave combateu o fogo no Shopping Nova América, em Del Castilho.