Por marcello.victor

Rio - Homens do Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal do Rio e policiais militares retiraram remanescentes da invasão de um terreno da Cedae, na Via Binário, que estavam acampados na escadaria da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, no Centro do Rio, na madrugada desta sexta-feira. Eles foram surpreendidos pelo aparato de segurança montado. O grupo deixou o local pacificamente e não houve confronto.

O grupo de cerca de 300 invasores que ocupava o terreno da Cedae reivindica moradia. Eles foram retirados do imóvel na Via Binário, na manhã de quinta-feira, por determinação do Juízo da 47ª Vara Cível do Rio, que concedeu a reintegração de posse ao governo do Estado do Rio na noite de quarta-feira. A saída deles ocorreu sem confronto com a PM.

Grupo remanescente de desalojados ocupava a escadaria da Câmara Municipal e foram retirados por guardas municipaisOsvaldo Praddo / Agência O Dia

LEIA MAIS

Ônibus levam invasores de terreno da Cedae para sede da Guarda Municipal

Veja fotos do terreno da Cedae sendo desocupado

De acordo com um vendedor ambulante, de 28 anos, que preferiu não se identificar, PMs e guardas chegaram à Câmara dos Vereadores por volta das 2h. O grupo dormia e foi obrigado a deixar as escadarias, segundo ele, sob ameaça de uso da força. Os agentes ainda teriam alegado que eles não poderiam ficar na Praça Floriano, em frente à Câmara. Os desalojados, porém, argumentaram e estão concentrados no entorno de um monumento no local, onde passaram a madrugada.

Boa parte é de remanescentes das invasões ao prédio da Oi, no Jacaré, e de um prédio da Companhia Docas, nomeado de Bairro 13. Eles foram expulsos desses locais em abril e fevereiro do ano passado, respectivamente. Eles cobram da Prefeitura a inclusão no cadastro do Programa Minha Casa, Minha Vida e exigem uma definição para conseguir uma moradia.

Cerca de 300 desalojados de ocupações deixaram pacificamente%2C nesta quinta%2C um terreno da Cedae%2C na Via Binário%2C Zona Portuária do Rio%2C invadido há pelo menos 16 diasFabio Gonçalves / Agência O Dia

"O objetivo deles (Cedae, Prefeitura e órgãos de segurança) era retirar a gente do terreno na Cedae para quebrar as construções que tínamos feitos com madeira comprada por nós e reaver o terreno", denunciou o vendedor ambulante. A promessa com a saída do terreno, segundo ele, era que todos seriam cadastrados pela Prefeitura, na sede da GM, em São Cristóvão, na Zona Norte. Lá, eles receberam apenas um papel com encaminhamento para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

A peregrinação do grupo de desalojados começou após sair da sede da GM. Para protestar eles seguiram para a sede administrativa da Prefeitura, na Cidade Nova, na tarde de quinta-feira. Eles foram reprimidos pela PM e pela GM com bombas. Os manifestantes então seguiram para a Câmara dos Vereadores. Nas escadarias do legislativo municipal, eles ganharam a adesão de militantes de partidos políticos, mídias alternativas e de representantes dos Direitos Humanos.

"Agora de madrugada eles (PM e GM) vieram com tudo quando todos estavam dormindo, nos obrigando a sair. Deixamos as escadarias pacificamente porque aqui ninguém quer confusão, confronto. Queremos moradia, direito garantido na Constituição. Com a negociação com ativistas que estão nos apoiando e a chegada da imprensa, reduziram o policiamento e foram embora", criticou o vendedor ambulante, pai de três filhos.

O grupo espera que durante esta sexta-feira a Prefeitura do Rio apresente uma proposta para resolver a questão. Segundo eles, o vereador Renato Cinco (PSOL) se comprometeu a ajudar na causa.

Você pode gostar