Rio - Morto durante operação policial no Complexo de Favelas do Alemão, o corpo de Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, será levado neste domingo para o Piauí para ser sepultado, segundo vontade manifestada pelos pais José Maria Ferreira de Sousa e Terezinha Maria de Jesus. O avião sairá às 11h15 do Rio em direção à capital daquele estado, Teresina. Os pais e outra duas irmãs do menino devem seguir viagem para o município de Corrente, no interior do Piauí. De acordo com nota divulgada nesta sexta, o governo do Estado, se comprometeu a cobrir todas as despesas da viagem.
O traslado do corpo ficou acertado em reunião na sede da Secretaria de Assistência Social, neste sábado, entre a família e a secretária da pasta Teresa Cosentino. Esteve presente também o chefe da Divisão de Homicídios (DH), Rivaldo Barbosa, e a secretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Goulart.
Pai diz que PM chamou filho de vagabundo
"Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo", declarou o ajudante de pedreiro. "Sou trabalhador, trabalho de carteira assinada", completou.
Terezinha declarou nesta sexta-feira que não quer mais morar no Rio após a morte do menino e que quer enterrar o filho no Piauí. Para isso, aguarda assistência do governo para traslado do corpo.
O casal passou a noite na casa de uma vizinha pois não conseguiu ficar em casa após a morte do filho.
"Por volta das 3h os dois chegaram da delegacia, mas não conseguiram dormir. Terezinha só tomou um chá de erva cidreira. José Maria sofreu de falta de ar no meio de noite e eu acudi" contou a doméstica Raimunda Nonata.
"Por volta de 7h30, Terezinha foi para casa tomar um banho e trocar de roupa e acabou passando por onde o filho foi morto e viu sangue. Ela chorou muito e acabou passando mal", contou.
O casal tem cinco filhos, mas apenas Eduardo morava com os dois. Eduardo sonhava em ser bombeiro, segundo a família era o primeiro da classe e querido pelos professores. O menino iria começar dois cursos na próxima quarta-feira, um de informática e outro de gestão empresarial. Ele estudou no Ciep Maestro Franciso Migmome, em Olaria, e estava no quinto ano.
Segundo a irmã, Ana Flávia, "foi uma grande covardia o que fizeram com ele". "Eduardo era um menino estudioso, animado, que se divertia e gostava de jogar bola", disse.