Por nicolas.satriano

Rio - Os pais das 12 crianças mortas no Massacre de Realengo, ocorrido há quatro anos na Escola Municipal Tasso da Silveira, ainda não conseguiram concretizar a homenagem às jovens vítimas, fuziladas à queima-roupa por um atirador. A inauguração do monumento, em tamanho natural, que seria instalado na praça que fica na esquina da Rua Piraquara com Avenida Santa Cruz, perto da escola, na Rua General Bernardino de Matos, prometido pela prefeitura, ainda não será dessa vez.

Os pais reclamam que a praça está em péssimo estado de conservação. Eles querem que antes o local seja reformado. “Queremos a cobertura no rio sujo que passa pela praça”, disse Adriana Silveira, 43, mãe de Luísa Paula — morta aos 14 — e membro da Associação dos Anjos de Realengo. “A gente não quer o monumento em qualquer lugar, pois o que aconteceu com as crianças não foi qualquer coisa”, afirma.

O anexo da Escola Tasso da Silveira foi inaugurado em 2012%3A local foi palco de chacina de atiradorCarlos Eduardo Cardoso / Agência O Dia

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informou que existe um projeto de revitalização da praça, mas sem prazo para ser executado. A secretaria disse que a Fundação Rio Águas é responsável pela limpeza de rios e canais, mas o órgão não enviou resposta.

Pai de Rafael Pereira, morto aos 14, Carlos Maurício Pinto diz que o monumento, feito pela artista Cristina Mota, é bem vindo. “Nada vai trazer a alegria de ter meu filho, mas serve para as pessoas lembrarem do que aconteceu”.

Nesta terça-feira, haverá uma missa, às 9h30, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Realengo. Em seguida, pais, familiares e amigos seguem em procissão até a Escola Tasso da Silveira. Lá, vão participar de um ato para a conscientização da doação de sangue. Às 17h30, padre Omar faz uma oração no Cristo Redentor, onde serão lançados uma campanha e um site contra o bullying, em que crianças vão relatar o que sofreram ou presenciaram.

Monumento aos 12 estudantes%3A pais querem revitalização de praçaDivulgação

“Queremos mostrar aos jovens o mal que o bullying causa. Não foi feito um estudo para saber os traumas deixados nas crianças com a tragédia na escola”, disse Adriana.

Terapia para sobreviventes

Passados quatro anos, ainda é visível o trauma de quem viu o massacre. De acordo com Adriana Silveira, da Associação Anjos de Realengo, há ex-alunos que não saem de casa.

“Temos o caso de um jovem se esconde em casa quando os pais recebem visita”, disse. Segundo ela, todos vão ao psicólogo, mas sem um serviço direcionado para o caso. “Algumas famílias reclamam e outras elogiam”.

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