Por paloma.savedra

Rio - Enforcado há 223 anos, o militar e dentista Joaquim José da Silva Xavier teve direito a um novo ‘julgamento’ na tarde de ontem. Conhecido popularmente como Tiradentes, o réu foi submetido ao tribunal do júri pelo mesmo crime de lesa-majestade. Mas, diferentemente do que aconteceu no século 18, desta vez ele foi absolvido e se livrou da forca. Para comemorar o veredicto, o Bloco das Carmelitas puxou o cordão do Tribunal de Justiça até a Praça Tiradentes, com música composta especialmente para a ocasião.

Tiradentes: herói, bode expiatório ou ação política?

O julgamento não passou de uma peça ‘O desenforcamento do Tiradentes: Justiça ainda que tardia’, encenada por atores e membros do Tribunal de Justiça (TJ). Interpretado pelo ator Milton Gonçalves, Tiradentes foi a julgamento por ter sido acusado como líder da revolta que ficou conhecida como Inconfidência Mineira.

Peça contou com a participação de membros do Tribunal de Justiça. Milton Gonçalves interpretou Tiradentes Márcio Mercante / Agência O Dia

“Quem faz Justiça é o povo, e a massa reconheceu isso em um determinado momento”, contou o ator.

Diz a história oficial que o mineiro se reuniu com a elite de Minas Gerais e pretendia separar o estado do resto do Brasil, criando uma república. O grupo estava descontente com a submissão a Portugal, país que colonizava o Brasil, e também com os altos impostos cobrados pela Coroa. Dos acusados, Tiradentes era o mais pobre e foi o único condenado à morte. Os demais envolvidos foram absolvidos ou condenados a prisão ou ao exílio.

Para o presidente do TJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, a iniciativa simbolizou o resgate da esperança da população. “Quando se tem um símbolo como Tiradentes, o povo não pode desistir dos seus símbolos, dos seus significados e das suas expressões maiores”.

Você pode gostar