Rio - Após sete meses de investigação, a Polícia Civil desarticulou nesta quinta-feira uma quadrilha especializada em falsificar carteiras de motorista. Foram cumpridos nove de 11 mandados de prisão (uma pessoa está foragida e a outra faleceu). De acordo com o delegado da 35ªDP (Campo Grande), Hilton Pinho Alonso, Somente nos últimos dois meses, 250 carteiras irregulares foram compradas. Ele afirma que os portadores correm risco de responder na Justiça.
"Hoje (quinta-feira), 151 pessoas que estavam com as carteiras falsas prestaram depoimento. Quem adquirir a carteira pode ser indiciado e a pena varia entre dois e seis anos. Responderá por falsificação de documento público. Mas ninguém teve mandado de prisão expedido", diz.

O esquema, comandado por Carlos Marcelo Santos Medeiros, movimentava cerca de R$ 3 milhões por ano e tinha a participação de 231 pessoas. Foram cumpridos também 151 mandados de busca e apreensão. O delegado diz que aproximadamente 1 mil carteiras falsas são vendidas por ano com o preço que variava de R$ 2500 a R$ 4 mil. O grupo agia no Rio, Niterói, Baixada Fluminense, São Gonçalo, Guapimirim e Volta Redonda.
O delegado alertou sobre o perigo que os motoristas com carteiras falsas representam, já que eles não passam pelo trâmite comum, que são as aulas na autoescola, além da avaliação. "Como eles não faziam nem a prova teórica e a pratica, essas pessoas que não fazem o treino representam um risco ao trânsito da cidade", afirma Hilton Alonso, completando que alguns motoristas ainda buscavam conquistar 'novos clientes para a quadrilha'.
"Depois que a pessoa carteiras, algumas delas ficavam responsáveis para aliciar outras pessoas. Elas levavam uma comissão de R$ 250 a R$ 300", garante.
Hilton Alonso disse que a investigação teve início após um condutor ter sido flagrado numa blitz da Polícia Militar. "A pessoa estava muito nervosa e encaminhada para a 35ªDP. Chegando lá, o delegado-assistente Gustavo Rodrigues entrou na base de dados do Ministério da Justiça e conseguiu identificar a fraude".

A falsificação era feita a partir dos espelhos originais do Detran. A Polícia Civil ainda investiga se alguém da empresa está envolvida no caso ou se a quadrilha roubava os espelhos. "Os integrantes da quadrilha serão indicados por organização criminosa. Se for comprovado que tem participação de funcionário do Detran, a pena aumenta por aliciamento de funcionário público".
Quadrilha era auxiliada por um advogado
Segundo o delegado, Carlos Marcelo Santos Medeiros tinha uma vida de altíssimo padrão financeiro. Morador do Cachambi, na Zona Norte, ele pagava prestação mensal de R$ 8 mil por um carro, e andava de helicóptero. Na casa dele foram encontrados documentos falsos.
Hilton Pinho Alonso afirmou também que o esquema da quadrilha era tão organizado que eles tinham até um advogado, que também foi preso. Alexandre Rodrigues dava uma espécie de suporte aos clientes que tiveram algum problema com os documentos falsos. "Eles tinham um advogado que atuavam, no pós venda. Se a polícia desconfiasse, o advogado era acionado e tentava ludibriar os policiais, às vezes até oferecendo suborno".