Rio - Nada voltou ao normal no Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais (Ctac) da Policlínica Piquet Carneiro, instituição ligada ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj. Passados nove dias desde que O DIA denunciou a interrupção nos tratamentos de pacientes, muitos deles crianças, pais e pessoas que dependem do atendimento no centro de referência - um dos três do país e o único com atendimento infantil - continuam angustiados. Os serviços foram paralisados por falta de pagamento a profissionais que trabalham no Ctac.
A reportagem procurou novamente o sargento da Aeronáutica Ricardo Melo, 35, pai de Archilau Isaque, de 2 anos. O militar contou que a interrupção no cronograma traz prejuízos ao desenvolvimento social da criança, que já mostra sinais de estresse por não conseguir falar. "Ele (Archilau) tem reações que se assemelham a histeria e acaba mordendo colegas na creche", disse.

Quando verificou que o centro de referência poderia fechar por falta de pagamentos, principalmente de funcionários que atuam na limpeza, Ricardo chegou a se oferecer para higienizar o hospital esperando que o atendimento do filho não fosse interrompido. O filho do militar nasceu com duplas fendas no palato e lábio - malformações congênitas que comprometem a fonética e respiração. Archilau depende de cirurgia, que estava marcada, e que ainda não foi realizada.
Na época, a Secretaria Estadual de Saúde informou que foi publicada no Diário Oficial do Estado “a descentralização” de R$ 1,1 milhão para custear a folha de pagamento dis profissionais. Desta vez, a secretaria informou que foram liberados na última terça-feira R$ 296.000,00 para o custeio e a folha de pagamento dos profissionais que atuam Ctac. Apesar disso, não foi informado quando o dinheiro entrará na conta dos funcionários e nem se há previsão para retorno das atividades no Ctac.