Por adriano.araujo

Rio - A tropa está crescendo. Trinta cães — 15 pastores belgas malinois e 15 pastores holandeses — chegarão em breve ao Batalhão de Ações com Cães (BAC) da Polícia Militar. As novas aquisições vão integrar um time que conta com 70 cachorros, verdadeiros ossos duros de roer.

Essa é a primeira vez que o batalhão compra cães. Um dos motivos principais é a necessidade de reforçar a tropa para a Olimpíada. É que os cães policiais vão usar seu faro aguçado e suas habilidades especiais para buscar explosivos e fazer a segurança de autoridades durante o evento.

Cães vão participar da segurança na OlimpíadaUanderson Fernandes / Arquivo / Agência O Dia

Além disso, estes animais especiais só “trabalham” até os 8 anos de idade. Daí a preocupação em adestrar novos cães. Um dos veteranos do batalhão, o labrador Boss, que ficou famoso no Rio após ajudar agentes a encontrar 300 quilos de maconha em Manguinhos em 2012, passou dessa idade e já se aposentou.

De acordo com o chefe da Seção de Operações do batalhão, capitão Luís Otávio Poeys, as raças escolhidas para renovar a tropa — os pastores belgas e holandeses — foram escolhidas por terem se mostrado extremamente aptos para ações policiais. “As duas raças são habilitadas a atuar em diversas áreas no BAC e são especiais para operações em possíveis atentados. Podemos colocar os cães em ações de varredura, para farejar drogas, armas, vítimas da violência e foragidos.”

A compra será feita por licitação. Criadores nacionais e estrangeiros já se mostraram interessados em participar do edital, que foi publicado em maio. Os animais a serem comprados já vêm com um certo grau de adestramento, mas receberão treinamento especial no batalhão, que fica em Olaria.

Missão cumprida%3A a fêmea Luna e o macho Apolo encontraram%2C no último dia 19%2C uma tonelada de maconha escondida no Complexo da MaréDivulgação

Filhotes de elite são garantia de qualidade

?Os filhotes do labrador Boss, nascidos em novembro de 2013 após uma inseminação artificial, estão sendo preparados exclusivamente para atuar nos Jogos Olímpicos. A prole já estão há um ano na unidade em treinamento de faro. A expectativa é que os filhotes tenham herdado de Boss a aptidão para o trabalho de faro de drogas, armas ou explosivos e para ações de busca e captura.

“O Boss foi um excelente farejador e queríamos manter seu patrimônio genético. Ele já tem uma idade avançada e a inseminação era uma garantia de que teríamos filhotes de qualidade. Temos que aumentar o número de cães da equipe e estamos começando um programa zootécnico de melhoramento dos animais a longo prazo”, explicou o capitão veterinário Luiz Renato Veríssimo.

A fêmea que deu à luz seis fêmeas e dois machos, foi a também uma labradora , Kate Marroney. Na época, o Batalhão de Ações com Cães promoveu um concurso em parceria com um programa de televisão para realizar uma seleção nacional na escolha da parceira de Boss e Kate ganhou.

Os cachorrinhos , que já estão crescidos, se juntarão aos que já atuam no batalhão e aos 30 animais que vão chegar.

Os filhotes em registro feito ano passado%3A genética de farejadoresBanco de imagens

Treinamento especializado

Conduzir um cão farejador não é tão fácil quanto parece. Um pequeno momento de distração pode levar o policial a não perceber o sinal de alerta dado pelo animal, na busca por entorpecentes escondidos, por exemplo. “Cada cão tem um comportamento diferente mediante uma descoberta. Alguns abanam o rabo. Outros sentam ou raspam a pata no local. É preciso interpretar o que o animal sinaliza”, diz o chefe da equipe de faro, tenente Daniel Resende.

Segundo ele, nas operações policiais, o cão é conduzidos pelo próprio treinador. “O responsável pelo cão tem mais condições de interpretar o comportamento do animal”, diz o tenente.

Um dos treinamentos mais complexos, segundo o tenente, é o de busca de explosivos. “O primeiro passo, e o mais importante, é a escolha do animal. Ele precisa ser extremamente cuidadoso e não pode encostar no local onde possa estar escondido um explosivo”, explica.

A forma com as quais os animais reconhecem o artefato também não é comum. Como não podem farejar os explosivos reais, devido à iminência de detonação, eles são colocados em contato direto com os princípios ativos da bomba, para conhecerem o cheiro das substâncias. O cão então passa a buscar o odor daquele conjunto de princípios ativos. Não são todas as raças que podem realizar o trabalho.

Atualmente, o BAC conta com 64 cães que atuam diretamente na contenção do distúrbio civil e seis estão exclusivamente preparados para o faro de drogas e armas. Em uma operação especial realizada no dia 19 de junho, a dupla canina Apolo e Luna (um macho e uma fêmea) encontrou uma tonelada de maconha nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré.

?Reportagem de Vinícius Amparo

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