Rio - O carro do cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, foi encontrado nesta segunda-feira por agentes da Polícia Militar na Rua Mambucaba em Coelho Neto, na Zona Norte, próximo à comunidade do Mundial. Dom Orani foi vítima de um assalto na noite deste domingo e teve seu carro roubado na Rua Goiás, em Quintino, também na Zona Norte.
De acordo com agentes, no Kia Sorento preto estavam roupas e batinas de Dom Orani. Vizinhos teriam visto dois menores deixando o carro no local. O crucifixo presenteado pelo Papa João Paulo II, também levado, não foi encontrado. Pouco antes, em coletiva no Outeiro da Glória, o arcebispo do Rio criticou a falta de segurança na cidade.
"É sempre desagradável um episódio desse tipo, que demonstra quanto ainda esta cidade precisa de carinho. Também nos faz refletir o que cada um de nós pode fazer para melhorar a vida em sociedade", afirmou Dom Orani, ressaltando que a italiana Madalena Critpa, de 53 anos, também estava no carro comentou que, aparentemente, os quatro homens seriam menores de idade.
Recentemente Dom Orani manifestou publicamente ser contra a redução da maioridade penal. "Prender crianças não é a solução. Vão fazer de presídio pós-graduação. O relógio, o celular e o cordão com um crucifixo de prata de Dom Orani desapareceram, assim como cartões de crédito das demais vítimas. “É o mesmo crucifixo levado no primeiro assalto, em meados de setembro, em Santa Teresa. Naquela ocasião, os criminosos devolveram. Espero que façam o mesmo agora”, apelou o cardeal, lembrando que o crucifixo é um presente ganho do Papa João Paulo II.
Dom Orani relevou ainda que pouco antes do assalto havia deixado dois seminaristas que também estavam no veículo na região de Pilares. O motorista Aluisio Araújo foi levado pelos bandidos e libertado 200 metros adiante disse, de acordo com Dom Orani, que chegou a comentar com os ladrões que se tratava do arcebispo e um dos bandidos respondeu: 'Eu sei que é o cardeal", e ordenou para que descesse do carro.
“Nervosos e aparentando estar drogados, levaram, em pouco mais de 30 segundos, nossos pertences. O motorista (Aluízio Araújo) foi levado pelo bando, mas, graças a Deus, acabou liberado a uns 200 metros”, contou Dom Orani. Ele cochilava, quando o veículo parou bruscamente. Em nota, a Arquidiocese destacou que a situação enfrentada por Dom Orani “demonstra que o cardeal não está distante da realidade de seu povo” e que ele “ vive as mesmas realidades do rebanho”.
O assalto
De acordo com informações da Polícia Civil, ele estava no carro por volta das 22h40 com um casal de amigos italianos e seu motorista, quando um veículo com quadro bandidos armados se aproximou. É o segundo roubo que Dom Orani sofre em menos de um ano.
Dom Orani não foi ferido, mas deixou todos os pertences para trás. O motorista do carro chegou a ser levado pelos criminosos, mas foi deixado a cerca de 200 metros do local do crime. Ele prestou depoimento na 24ª DP (Piedade) e o caso foi encaminhado para a 28ª DP (Campinho), responsável pela área onde ocorreu o roubo. A polícia procura o carro, que possui sistema de rastreamento.
Dom Orani já havia entrado para as estatísticas de vítimas de criminosos no Rio em setembro do ano passado: ele teve seus pertences roubados em um assalto à mão armada em Santa Teresa, quando se deslocava do Sumaré em direção à Glória.
Na ocasião, o cardeal estava acompanhado por um motorista da Arquidiocese, um fotógrafo e um seminarista, e ninguém ficou ferido. Ele chegou a ser reconhecido pelos bandidos, que ainda assim não desistiram do roubo.
Na época, Dom Orani lamentou o episódio. "Vendo aqueles jovens com arma na mão, vi que nós temos uma grande responsabilidade, o mundo tem que ser diferente. Isso não é ser bonito, isso não é ser herói. Herói é quem é trabalhador. É muito triste ter que ver isso”
A região onde o cardeal foi atacado teve aumento de 32% de roubo de veículos de janeiro a maio deste ano (358), comparado com o mesmo período de 2014 (271). O 9º BPM (Rocha Miranda) informou ter reformulado o planejamento operacional.
Colaboraram Diego Valdevino, Leandro Resende e Maria Inez Magalhães




