Por felipe.martins

Rio - Há quase 70 anos como templo de produção e troca de conhecimento da maior universidade federal do país, a UFRJ, o Palácio Universitário, situado na Urca, tem futuro indefinido. Estabelecido em 2009, ainda na gestão do reitor Aloísio Teixeira, o Plano Diretor da Universidade destina o espaço do palácio para a criação de um Centro Cultural. Porém, a mudança pode deixar estruturas técnicas, além de laboratórios desalojados.

Ainda de acordo com o plano, a transferência de cursos para a Cidade Universitária (Fundão) estava condicionada à decisão das unidades. Das quatro unidades do palácio, duas serão mantidas no campus Praia Vermelha (PV): Comunicação e Economia. As outras duas escolheram ir para a Ilha do Governador (Educação e Administração), mas ainda não têm estrutura definitiva, nem prazo para sair da PV. Assim, instalou-se a polêmica: a criação de um centro de cultura sem que os cursos tivessem para onde ir. “O projeto tirava a gente dali e não colocava em lugar nenhum”, critica Marialva Barbosa, professora da pós-graduação da Escola de Comunicação (ECO).

Fachada do palácio será recuperada na obra já iniciada este mêsDivulgação

“Não fomos avisados sobre esse projeto. Eu e o Frederico, diretor do Instituto de Economia, fomos surpreendidos. Porém, estamos confiantes que, com a nova reitoria, haja uma mudança de perspectiva”, disse o diretor da ECO, Amaury Fernandes.

“A UFRJ já tem o maior centro cultural do Rio, que é o Canecão. Não teria sentido criar outro, basta recuperar o Canecão”, questionou Marialva. A casa, uma das mais tradicionais da MPB, foi desativada em 2010 e até agora não voltou a funcionar.

Porém, de acordo com a nova reitoria, o plano diretor agora está suspenso, ou seja, não há definição sobre a permanência das unidades, nem a construção do Centro Cultural. Entretanto, o IPHAN (Instituto do Patrimônio História e Artístico Nacional) explica através de nota que as obras iniciadas no início do mês não correspondem às do projeto do Fórum de Ciência e Cultura.

Laboratórios darão lugar a jardimDivulgação

Apesar de não ser contrária à saída da sua unidade do campus, a diretora da Faculdade de Educação, Ana Maria Monteiro, não concorda com a justificativa da criação do centro cultural. “Não acho que as aulas que danificaram o prédio. O que danificou foi a falta de manutenção”, avalia. Ela afirma que não houve transparência na possível saída dos cursos de Comunicação e Economia do prédio.


Destino de prédio da CPM é incerto

A Central de Produção Multimídia (CPM), prédio que concentra equipamentos e os laboratórios da Escola de Comunicação (ECO), e que foi fruto de uma espera de 10 anos, é outro prédio que não tem destino certo. De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta assinado em 2010 entre a universidade, o Iphan e o Ministério Público Federal, o perímetro que deve ser reservado em torno do palácio é invadido por cerca de um metro e meio do prédio.

No projeto do Centro Cultural, a central daria lugar a jardins, a fim de dar visão para o palácio. Entretanto, para os professores da unidade, a obra é um absurdo. “Levou anos para conseguir financiamento para a CPM, e agora vai jogar aquilo tudo no chão?”, declarou Marialva Barbosa, professora da pós-graduação da ECO. Atualmente, está sendo erguida ao lado do local a CPM2, apelidada de ‘CPM de Lata’ por ser feita em módulos, que abrigará mais laboratórios.

Dentro do palácio também funcionam iniciativas que dependem do espaço físico, como o Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) e a empresa Junior Ayra, além de diversos grupos de pesquisa dos quatro cursos que funcionam no local.

Você pode gostar