Por felipe.martins

Rio - Desde o início da concessão da SuperVia, em 1998, já foram aplicadas 65 multas à SuperVia, que somam R$ 8,5 milhões, de acordo com a agência reguladora, a Agetransp. Só neste ano, foram 15 penalidades, que somam R$ 1,9 milhão. Já o Metrô Rio recebeu 14 penalidades em toda a concessão, que soma R$ 3,2 milhões. Somente neste ano, foram três, totalizando R$ 220 mil. A CCR Barcas acumulou 14 penalidades, em um total de aproximadamente R$ 4,9 milhões. Neste ano, foi aplicada apenas uma multa, no valor de R$ 191 mil. Porém, a Agetransp não soube dizer qual montante das multas já foi pago pelas concessionárias.

Em nota, a agência explicou que investiga todos os acidentes e incidentes ocorridos nos sistemas de transportes ferroviário, metroviário e aquaviário. Porém, informou que as investigações ainda não têm resultado, pois não são procedimentos simples. “Eles dependem da coleta e análise técnica de uma série de variáveis. Não se conclui um procedimento desses em poucos dias. O choque entre trens ocorrido na Estação de Juscelino, no início de janeiro, por exemplo, foi julgado no fim de março.”

Após problema na sinalização interromper a circulação em Gramacho%2C passageiros revoltados invadiram linha férrea e impediram a retomada do serviço%2Cque só recomeçou às 11hCarlos Moraes / Agência O Dia

O professor de Engenharia de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas, disse que os atuais problemas dos transportes do Rio são reflexo da falta de investimento público durante 50 anos. “O sistema começou a ser atualizado só recentemente, para as Olimpíadas. A falta de uma política pública permanente gerou os problemas de hoje.”

Nesta quinta-feira pela manhã, o defensor público-geral do estado, André Luís Machado de Castro, e Carlos Osorio se reuniram com representantes da CCR Barcas para discutir como agilizar o pagamento de reparações às 15 vítimas do acidente de quarta-feira.

Defeito em sinalização revolta passageiros da estação de Gramacho e causa paralisação de 4h


A rotina de quem vive na Região Metropolitana para ir e voltar ao trabalho não é nada fácil. Mas, nessa semana, se tornou insuportável. Um dia após os moradores de São Gonçalo e Niterói enfrentarem um calvário para chegar ao Centro do Rio, com problemas na ponte e um acidente na barca, ontem foi a vez da Baixada Fluminense. Um defeito na sinalização interrompeu a circulação de um trem, às 6h40, na Estação Gramacho, onde é feita a baldeação de quem vem das linhas de Saracuruna, Vila Inhomirim e Guapimirim.

Com a estação já lotada, mais gente chegando, e saídas interrompidas para a Central, os passageiros se revoltaram e invadiram os trilhos, impedindo que a circulação voltasse e provocando a paralisação do ramal de Gramacho por quase quatro horas. Na confusão, duas pessoas passaram mal e Paulo Carvalho da Silva, de 67 anos, caiu da plataforma e quebrou a perna. Segundo o comandante do 15º BPM, João Brusnello, um maquinista e um funcionário da SuperVia foram agredidos por passageiros.

O secretário estadual de Transportes, Carlos Osorio, declarou que o serviço da SuperVia ainda não atende os passageiros como deveria. “O sistema de trens tem de melhorar muito ainda. Existem falhas operacionais, já que ficou sucateado por mais de 20 anos. Mas não há dúvida nenhuma de que ele tem avançado devido aos investimentos do governo do estado e da SuperVia. Ainda temos um longo caminho para percorrer.”

Os ônibus para o Centro do Rio ficaram ainda mais cheios do que o normal com a paralisação dos trensCarlos Moraes / Agência O Dia

De acordo com a SuperVia, o problema na sinalização, que parou a circulação no trecho, foi resolvido em 20 minutos e a invasão dos trilhos é que prolongou a interrupção. Entretanto, os passageiros contaram versões diferentes. “Cheguei aqui às 6h30 e as plataformas estavam lotadas. Avisaram que os trens estavam atrasados, mas sairiam em breve. Por volta das 7h30, anunciaram que estava fechado, e começou o tumulto. Os guardas não deram nenhuma informação”, contou Taiana Machado, de 23 anos, técnica de informática, que pega o trem em Gramacho às 6h30 para chegar no trabalho, na Gamboa, às 8h30.

Na quarta-feira, a embarcação Boa Viagem perdeu o controle e bateu no cais da Praça XV e, pelo menos, 13 ficaram feridos. O secretário considerou o acidente inadmissível e disse que a pasta analisa o contrato da CCR Barcas, considerado por ele como antigo e sem equilíbrio.

Apesar da revolta, ‘bom humor’ nos trilhos

Em meio à confusão que se formou e à demora para o restabelecimento das partidas dos trens, o pedreiro Alexandro Gonçalves Cândido, de 33 anos, que trabalha no Flamengo e mora em Campos Elíseos, em Caxias, resolveu fazer um protesto bem-humorado. Sobre a linha férrea, ele abriu a marmita e a dividiu com outros passageiros.

“Resolvi comer e o pessoal chegou junto. Vim só com o dinheiro da passagem porque meu patrão me paga a volta depois do trabalho. Perdi R$ 130 hoje por ter faltado. Desde a mudança no ramal (a alteração acabou com a ligação direta entre Saracuruna e Central), esses atrasos são frequentes e o descaso é grande.”

A interrupção do serviço da SuperVia teve reflexos em outros meios de transporte, como nos ônibus e no metrô, que ficaram ainda mais cheios. O metrô também apresentou uma falha na sinalização na estação Arcoverde e os intervalos na Linha 1 ficaram irregulares por cerca de uma hora e meia.

Colaboraram Adriano Araújo e a estagiária Maria Clara Vieira

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