Por felipe.martins

Rio - O Comitê Rio 2016 afirmou nesta quinta-feira que a qualidade das águas para as disputas nas Olimpíadas está dentro dos parões nacionais e internacionais. Segundo o Comitê, não há risco para a saúde dos atletas que disputarão as competições na Baía de Guanabara, na Lagoa Rodrigo de Freitas e na Praia de Copacabana.

Um estudo sobre as "águas olímpicas" no Rio de Janeiro divulgado pela Associated Press (AP) mostrou que, devido a quantidade excessiva de fezes humanas, os competidores que entrarem contato com a água vão correr perigosos riscos. As concentrações de vírus descobertos em algumas amostras equivalem às encontradas em esgoto puro.

Leia Mais: Águas em área de competição olímpica no Rio são 'esgoto puro', revela estudo

Biólogo denuncia despejo de esgoto na Baía de Guanabara

A agência encomendou uma análise da água da Baía de Guanabara, Lagoa Rodrigo de Freitas e Praia de Copacabana que revelou níveis excessivos de vírus e bactérias de esgoto humano nos locais selecionados para as competições olímpicas e paralímpicas. Os dados alarmam a comunidade internacional e os atletas, que certamente terão contato com vírus e poderão adoecer. Alguns competidores que treinam no Rio, inclusive já tiveram febres, vômitos e diarreia.

Condições da Baía de Guanabara foram questionadas pela APMário Moscatelli

Em algumas amostras foram encontradas altas contagens de adenovírus humanos ativos e infecciosos, que se replicam no intestino ou sistema respiratório das pessoas. Uma vez infectadas, as pessoas poderão ter doenças estomacais, diarreia aguda e vômitos, doenças respiratórias e, em casos mais graves, doenças cerebrais e cardíacas.

Mas, segundo o Comitê Rio 2016, "existem pontos críticos, conhecidos por todos, e mesmo assim a água está dentro dos padrões internacionais e nacionais de qualidade nas zonas onde serão montadas as raias de competição".

A organização dos Jogos descartou a transferência das competições de vela para outro local: "não existe hipótese, diz a nota. O Rio 2016 diz ainda que espera contar com as condições climáticas para que a qualidade da água seja boa nos dias de disputa. "A qualidade das águas do Rio varia de acordo com as diferentes épocas do ano. O período de melhor qualidade costuma ser o inverno, justamente na época dos Jogos", afirma o Comitê.

Em tom otimista, a nota é encerrada pedindo a colaboração da população para a manutenção da limpeza da Baía de Guanabara, mas não cita a responsabilidade do governo do estado.  "Não vamos desistir dessa causa. A mobilização da sociedade com a limpeza da Baía, das praias e das lagoas da cidade que agora se manifesta de forma muito intensa é um legado importante do Rio 2016. Ainda há avanços a serem feitos até os Jogos, mas estamos no caminho certo. O primeiro evento teste realizado no ano passado mostrou que é possível competir na Baia em águas adequadas sem nenhum risco para os atletas".

Inea contesta metodologia dos testes

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), ligado à Secretaria do Estado do Ambiente (SEA), informou, através de nota oficial, que não reconhece a legitimidade dos testes divulgados pela AP. De acordo com a nota, a Universidade de Novo Hamburgo está “buscando notoriedade” com a denúncia e que todos os pontos das raias olímpicas — com exceção da Marina da Glória — estão dentro dos parâmetros europeus e americanos de qualidade da água.

“No Brasil e no mundo, para a avaliação das condições de banho são usados indicadores bacteriológicos, se verificando a quantidade presente de coliformes fecais, enterococos e Escherichia coli. Quando essas quantidades são encontradas acima dos padrões determinados, as águas são consideradas impróprias para banho”, disse o Inea em nota.

O Comitê Rio 2016 também informou que os dados relativos à qualidade da água são avalizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e remetidos ao Comitê Olímpico Internacional (COI). Apesar de todas as explicações oficiais, cabe lembrar que, em maio, durante uma etapa do circuito mundial de surfe, realizada na Barra, alguns dos principais surfistas do mundo passaram mal e reclamaram da qualidade da água na cidade.

Repercussão mundo afora

A denúncia feita pela Associated Press repercutiu nos principais jornais do mundo. A ‘BBC’, de Londres, destacou que o presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que o Rio enfrentará sérios desafios para despoluir a Baía.

O ‘The Guardian’ citou a frase de John Griffith dizendo que os atletas nadarão em esgoto n Rio. O ‘Independent’, do Reino Unido, citou que os testes feitos pela AP não encontraram um local sequer de provas seguro para os atletas. Reuters, ‘Chigago Tribune’, ‘ABC News’, e ‘L.A. Times’ também falaram sobre o problema.

Com informações do repórter Caio Barbosa

Você pode gostar