Por felipe.martins

Rio -  A greve dos servidores do INSS, que já ultrapassa um mês, tem deixado pensionistas e aposentados na penúria. Essa é a situação de milhares de beneficiários da Previdência que não conseguiram atendimento em unidades desde o dia 7 de julho, quando os funcionários paralisaram as atividades no Rio. Em junho, mês anterior à paralisação, foram feitos 156 mil atendimentos nas 29 agências da Previdência Social da cidade. Informações obtidas pela reportagem dão conta de que a greve derrubou o movimento nas unidades em 60%, prejudicando pelo menos 100 mil pessoas.

É o caso da segurada Maria Aparecida Pereira, de 75 anos, que perdeu o marido em junho e tem sido obrigada a dividir o luto com a dificuldade de conseguir agendamento para receber a pensão de R$ 1.057,21 a que tem direito. Ela agendou para o último dia 24 atendimento no posto de Del Castilho, na Zona Norte, para apresentar documentos e dar entrada no processo.

Sem atendimento em um posto do INSS por conta da greve%2C Maria Aparecida precisa da ajuda dos filhosErnestto Carriço

Mas, ao chegar na unidade, não foi atendida — lá, foi informada de que não havia funcionários por conta da paralisação e que teria que reagendar o serviço. “Remarcamos para o dia 9 de setembro no mesmo posto, mas, isso, sem a certeza de atendimento, pois não sabemos se até lá a greve terminou”, explicou Roberto Luiz Pereira, filho da pensionista.

Ele lamenta que, nesse período, a mãe ficará sem receber o dinheiro. Agora, a aposentadoria que o pai dele recebia está suspensa pelo fato dele ter morrido. Sem conseguir retirar o benefício deixado pelo marido, Maria Aparecida é obrigada a contar com a ajuda dos filhos para bancar despesas básicas, como o pagamento de contas, mercado e remédios.

“Além de lidar com o luto de ter perdido meu pai, seu companheiro por mais de 50 anos, ela agora tem que passar por isso. Minha mãe está com vergonha de pedir dinheiro para mim e para os meus irmãos”, desabafa Roberto.

Segundo o INSS do Rio, o pagamento da pensão será retroativo a 24 de julho, quando Maria Aparecida fez o primeiro agendamento. Mas, para isso, ela terá que conseguir o atendimento que hoje lhe dá dor de cabeça. Já o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio (Sindsprev) nega que a falta de atendimento tenha sido por conta da paralisação.

“A greve não afeta o agendamento. Ela deve procurar atendimento na Gerência Executiva no Rio, no Centro”, disse Júlio Tavares, do comando de greve no Rio. Apesar disso, pelo Twitter, a Previdência confirma que o problema no atendimento é causado pela greve.

Liminar pede posto aberto

Na sexta-feira, a Previdência Social informou que conseguiu uma decisão liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determina a manutenção de 60% da força de trabalho nas agências do INSS. O percentual de atendimento já deve ser respeitado nas unidades.

Mas o Sindsprev alega que a decisão não se aplica às agências de Previdência Social. Após uma assembleia promovida na Gerência Executiva do Centro no mesmo dia, o sindicato anunciou que seguirá com a greve por tempo indeterminado. Segundo as estimativas dos grevistas, 1.100 agências estão paralisadas em todo o país.

O balanço mais recente da Previdência Social, divulgado na quarta-feira, diz que, das 106 unidades do INSS no estado, 44% funcionam parcialmente e 12% estão com atividades totalmente paralisadas. No Brasil, essa projeção é de 54% e 18%, respectivamente. Mas o Sindsprev alega que, no Rio, a paralisação chega a 80%.

Enquanto isso, a orientação é que os beneficiários que não conseguirem atendimento reagendem pela Central de Teleatendimento 135 — número pelo qual poderão se informar, também, sobre as unidades que não estão paralisadas.


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