Por adriano.araujo

Rio - Um defende a agressão a ladrões. O outro a baderna e os roubos, mas também o direito de quem só vai "curtir a praia". A reportagem do DIA falou com os dois lados e constatou: o terror vivido por cariocas que frequentam a orla da Zona Sul está longe de terminar. 

"Tenho 50 anos, sou nascido e criado em Copacabana e dou aula de jiu-jitsu aqui e nos Estados Unidos. Sou contra esse negócio de juntar gente, formar milícia armada para pegar vagabundo, mas se tiver que pegar, eu pego mesmo. Não tem parada", disse Y., de 50 anos.

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Segundo ele, a prática de agressão a ladrões é antiga e, apesar de se dizer contra grupos que agem para 'justiçar' vítimas, Y. diz agir com amigos para encarar criminosos. "Se a polícia não faz, eu vou continuar fazendo. Outro dia vi um deles roubando um pedestre e quebrei. Sempre quebrei. Desde moleque. Sou da turma da Constante Ramos e cresci assim. Se vejo pivete, bandido, alguém roubando, vou lá e encaro", revelou.

O lutador disse que recentemente, ao lado de um amigo, agrediu um bando que praticava roubos. "Esses dias mesmo encarei uns dez. Eu e mais um. Ainda levei uma porrada com um pedaço de pau na cabeça, mas eu tenho corpo para isso e nem fez cócegas. Meu amigo perdeu os óculos, mas quebramos os dez. Mas não tem jeito. A gente pode continuar pegando, eles não param. A solução é uma só: polícia."

Já X., de 18 anos, morador do Jacaré e frequentador das praias da Zona Sul, defende a baderna dentro dos ônibus, uso de drogas e até os roubos. "A gente vai à praia zoar da mesma maneira que o playboy vai para o show de rock, para a boate. Cada um com seus problemas. A gente vai fumando maconha no ônibus, com o corpo para fora da janela. Eles vão fumando, cheirando, tomando droga de playboy no carro do pai", comparou.

Entretanto, ele se disse revoltado quando menores que não estão praticando crimes acabam pagando pelos que cometem os atos infracionais. "Tem gente que vai no bonde e não faz nada. Até porque quem faz sabe que está no erro. E se a polícia pegar, pegou. A revolta rola quando (a PM) pega moleque que não tem nada a ver. Uns vão para barbarizar, outros vão curtir a praia. E se pegar esses moleques, nego bola mesmo", falou.

Anulando o direito de quem quer usar um celular ou qualquer pertence na praia, ele debocha das vítimas. "E na praia, se ficar tirando onda de Iphone, de cordão, vai perder. E a gente pega para zoar, para tirar onda. Se a diversão deles é ir para a Disneylândia, a nossa é fazer deles a nossa Disneylândia", avisa.

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