Enterro de modelo em Niterói é adiado para realização de autópsia
Médico se defende e diz que combinação de tabagismo e anabolizante causou morte de Raquel dos Santos, de 28 anos
Por rafael.souza
Rio - O velório da modelo Raquel dos Santos, de 28 anos, finalista do concurso Musa do Brasil, foi interrompido nesta terça-feira, para que o corpo fosse levado ao Instituto Médico Legal (IML) para investigação da causa da morte. A modelo, que também foi ‘Gata da Hora’, do jornal MEIA HORA, em novembro, morreu na noite de segunda-feira, após procedimento estético em clínica de Niterói.
Raquel foi fazer fazer uma intervenção cirúrgica conhecida como ‘bigode chinês’ (linhas de expressão do nariz ao canto da boca) na Clínica de Cirurgia Plástica Wagner de Moraes. O cirurgião é conhecido entre as celebridades por ser marido da modelo Angela Bismarchi.
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Minutos após sair da sala de cirurgia, a vítima passou mal e foi levada para o Hospital de Clínicas de Icaraí (HCI). Segundo a unidade, ela deu entrada com um quadro de parada cardiorrespiratória e morreu às 21h40. Ainda segundo o hospital, Wagner de Moraes, que acompanhava a paciente, foi a primeira pessoa a constatar a morte.
O sepultamento no Parque da Paz, em São Gonçalo, não ocorreu após funcionários do cartório suspeitarem do atestado apresentado pela família e acionarem a polícia. O velório foi interrompido, e o corpo levado ao IML para a realização de autópsia. O laudo sobre a causa da morte deve sair de 15 a 30 dias. A investigação está na 76ª DP (Niterói).
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O médico Wagner de Moraes nega que a cirurgia estética tenha provocado a morte de Raquel. Ele afirma que a combinação de tabagismo (o cirurgião diz que a Raquel fumava três maços de cigarro por dia) e a aplicação de injeções de Potenay, medicamento para cavalos usado como anabolizante, causou a morte.
O médico afirmou que a modelo se submeteu, dias antes, a outro procedimento estético, nas nádegas, que ele se recusara a fazer. Moraes disse ainda que, durante o procedimento no rosto, a paciente teve falta de ar e arritmia, e ele providenciou a transferência para o Hospital de Clínicas de Icaraí. “Não foi nenhum comprometimento na área médica. O produto que usei não induziu a nada”, garantiu. O médico afirma que a família da modelo sabia dos riscos antes do procedimento.
No velório da esposa, o empresário Gilberto de Azevedo criticou o socorro prestado. Segundo o viúvo, a clínica de estética não tinha instalações adequadas, contendo apenas um cilindro de oxigênio para emergências. Ele afirmou que a mulher se sentiu mal cerca de uma hora depois de deixar a clínica, quando apresentou falta de ar e arritmia, e foi encaminhada ao hospital de Icaraí.
Clínica deve ter recursos de um CTI
O presidente da regional Rio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Volney Pitombo, explicou que há regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para clínicas estéticas. Elas devem ter recursos de Centro de Tratamento Intensivo (CTI), como monitor, médicos e sala de recuperação pós-anestésica. A Sociedade informou que Wagner de Moraes não é membro da entidade. Para Volney Pitombo, é obrigação do médico recusar cirurgias em paciente que use substâncias ilegais ou desconhecidas.
Reportagem de Amanda Raiter, Luarlindo Ernesto, Marcello Victor e o estagiário Rafael Nascimento