Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Titular da 79ª DP (Niterói) e delegado responsável pela investigação da morte de Raquel dos Santos, Mário José Lamblet dos Santos explicou, nesta quinta-feira, que houve divergência nos depoimentos do marido da modelo, o empresário Gilberto de Azevedo, e do médico Wagner Moraes, que realizou o procedimento estético na finalista do concurso ‘Musa do Brasil’ e ‘Gata da Hora’, do MEIA HORA.
"O Gilberto disse que ela já chegou desacordada ao hospital, com a boca roxa, passando muito mal e sem consciência. Já o médico disse que ela chegou reclamando de falta de ar, ou seja, com vida e faleceu depois de ser atendida pela equipe médica", explicou o delegado, afirmando que este conflito nos depoimentos será apurado. Gilberto será ouvido novamente na delegacia na manhã desta sexta-feira. A equipe médica do Hospital Icaraí, para onde Raquel foi levada, prestará novo depoimento na parte da tarde.

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Cirurgião Wagner Moraes prestou depoimento na 79ª DP (Niterói) sobre morte da modeloSeverino Silva / Agência O Dia

De acordo com Mário José Lamblet dos Santos, o médico Wagner Moraes já entregou à polícia os documentos de internação da modelo e levou a substância que foi aplicada nela na noite da última segunda-feira. A substância será analisada.

O delegado explicou que no documento apresentado pelo médico, que foi preenchido no momento da realização do procedimento, Raquel relata que não tinha feito cirurgia e nem tomado algum tipo de substância. "O que também é uma divergência porque a gente não sabe como é que o médico sabia que ela tomava anabolizantes, que foi o que ele colocou no atestado de óbito", afirmou. Segundo ele, no depoimento, o médico afirmou que Raquel o procurou, no dia 30 de dezembro, para fazer um procedimento de aumento das nádegas, o que ele teria dito que não faria. "Ela, então, fez aplicação para eliminação do bigode chinês (linhas de expressão do nariz ao canto da boca), no dia 11", contou.

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Em nota, a Fundação Municipal de Saúde de Niterói esclareceu que o médico não é funcionário da rede e a declaração de óbito (DO) foi fornecida pelo Hospital Municipal Carlos Tortelly, no dia 11 de janeiro, de acordo com a Portaria 116 do Ministério da Saúde, de 11 de fevereiro de 2009.

Segundo a advogada do médico, Verônica Lagassi, ele foi para delegacia apenas para prestar esclarecimento e não há acusação nenhuma. "Ele não está sendo acusado de nada, veio só para prestar esclarecimentos. Não tem sequer uma linha de defesa", disse. O cirurgião reforçou na saída do depoimento que a modelo omitiu informações quando esteve na clínica. "Eu estou preocupado pela família, mas minha consciência está tranquila. Ela omitiu informações de que fumava, o que indica hábitos nocivos. Ela foi submetida a um procedimento subcutâneo, o que não é considerado cirurgia", falou.

De acordo com a advogada, o médico não sabia que ela usava anabolizantes, o que foi informado pelo marido apenas no hospital. Segundo ela, Wagner contou em depoimento que a modelo passou mal em casa, o marido ligou para ele, que acompanhou o casal de carro até o hospital e, a partir de então, ficou com eles o tempo inteiro.

O delegado ressaltou que a autópsia realizada ainda não pode afirmar se foi o uso de anabolizantes que causou a morte de Raquel.

Raquel Santos morreu na noite de segunda após procedimento estéticoReprodução

Reportagem de Maria Clara Vieira