Por felipe.martins

Rio -  O poder corrompe e faz corromper. Esta é a conclusão a que se chega após os malfeitos por personagens da vida política e empresarial do Brasil, até no meio jornalístico, com os apoiantes remunerados via blogs. E mais: altera personalidades, despertando instintos grosseiros, autoritários e desonestos.

Caso dos mais tristes tem sido a mudança de comportamento do prefeito Eduardo Paes, rapaz de boa índole, boa origem familiar e social, vitorioso na carreira política ascendente. No entanto, o poder e a oportunidade de fazer história, com gestão ousada e altamente positiva, reconhecida internacionalmente, acabou tornando seu futuro incerto por série de erros de comportamento. Estes, aliás, vêm se acumulando num crescer nos últimos meses.

Na política, gerou imenso constrangimento ao impor o candidato à sua sucessão, uma escolha solitária. E insistiu, mesmo depois de revelações constrangedoras e controvertidas em seu trato com a ex-mulher, e sucedidas por atos que beiram o ridículo de seu candidato, amigo e companheiro de governo. Trocou o silêncio que a prudência impunha por versões fantasiosas. A classe política da base faz crer que aceitou, mas aguarda a insignificância das pontuações nas pesquisas para ponderar as consequências da postura arrogante e autoritária. Tem perdido quadros, e a postura passional no enquadramento de sua equipe vaza para a sociedade. No fundo, sabe que o sonho acabou, e reage de maneira irracional.

Tem sido frequente o destempero e a prepotência quando algo lhe desagrada. Há meses, em pleno Fashion Mall, foi infeliz diante da abordagem cordial, mas crítica, de uma senhora da sociedade de suas relações sociais. O caso da médica do município é imperdoável na medida em que se intitulou ‘patrão’ da funcionária municipal e a ameaçou de demissão. O episódio da conversa gravada e divulgada com Lula revela decepcionante ligação afetiva com o ex-presidente, fidelidade à presidente, além da infelicidade com que se referiu a cidades do estado que chegou a pensar em governar. E o deboche com os mais pobres.

A melancólica retirada de cena, via desgaste visível, de jovem tão talentoso, autor de obra admirável, com paixão pela função, é uma perda para um país que vive múltiplas crises. Inclusive a falta de quadros confiáveis para superar dificuldades e unir o povo.

Aristóteles Drummond é jornalista

Você pode gostar