Por thiago.antunes

Rio - Vou estar no palco do Imperator nesta quinta, às 19h, para bater cabeça para um superprojeto do samba este ano: vou apresentar o lançamento do CD Sambas para Mangueira (Direção Geral de Nilcemar Nogueira, presidente do Museu do Samba; Direção Musical, Arranjos e Regências de Rildo Hora; produzido sob os auspícios da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro).

Um projeto avassalador, tipo arrasa-quarteirão. São 30 músicas, começando pela de 1928 que Cartola compôs para pedir que parassem de escolher o nome para a agremiação: chega de demanda, chega, somos a Estação Primeira... Salve o Morro de Mangueira! São cinco linhas simplíssimas da sofisticação dos gênios, e cantadas por Beth Carvalho, legitimada pela relação pessoal desta estrela com os velhos senhores da escola.

Luxo é pouco, porque a antologia de emoções que os CD duplo desperta pode ser comparada com uma tsunami altíssima. Quando você chegou ao ápice do rasga coração, vem mais. Alcione cantando “é negra toda a tristeza desta vida” é belíssimo, em ‘Verde Que Te Quero Rosa’. Só que tem Monarco ordenando: silenciar a Mangueira, jamais... Devemos ter adversários como Oswaldo Cruz (citando as três, Mangueira, Portela e Estácio como uma trinca de ouro).

Imagina o que o Império Serrano e o Salgueiro acharam deste babado. Como se isto não bastasse, a diva Leci Brandão ataca de ‘Folhas Secas’, quando imagino farta distribuição de navalhas enferrujadas (para dar gangrena e matar rápido) para que os ouvintes cortem seus pulsos. Xande de Pilares, Martinho da Vila, Ana Costa, Teresa Cristina, Nelson Sargento, Velha Guarda da Mangueira, Leny Andrade, Moyses Marques e muitos outros, além do já saudoso Luizito, intérprete da Mangueira, que gravou a clássica “Tem Capoeira”.

Como estamos nas comemorações do Centenário do Samba, usando a data de 1916, quando Donga lançou ‘Pelo Telefone’, este parece ser um ano em verde e rosa. Tomara que a Olimpíada seja a glória mundial para que a cidade fique ainda mais engalanada. Este projeto Museu do Samba da Nilcemar é um passo em torno das discussões sobre o patrimônio imaterial que a matrizes do samba carioca são.

Já tombado em hercúleo dossiê do próprio museu, avançam as questões da preservação das tradições ligadas às quadras e comunidades. Mais que isto, estão pensando o Museu do Efêmero em mais um número da Revista do Samba (a número 8) que acabaram de lançar. Estava mais do que na hora de o Rio tomar à frente na sistematização do saber sobre o popular samba, seu maior produto cultural. Estou torcendo para que montem o musical escrito por Ney Lopes.

E-mail: chapa@odia.com.br

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