Por felipe.martins

Rio - FHC pode não ser nenhum santo. Mas é referência entre ex-presidentes na postura e na compostura. Lúcido e atento observador da cena brasileira, não tem se furtado a participar de entrevistas, palestras e artigos em jornais. Não se omite e empresta bom senso e experiência ao acalorado debate.

Nesta fase da vida brasileira, em que a sociedade está mobilizada para virar triste página de mau uso da função pública e da impunidade crônica, não é justo que, no jogo duro dos embates, se assaque contra figuras respeitadas e que nem de longe podem ser comparadas às envolvidas em malfeitos e casos pessoais de explicações pouco críveis. Por isso, matéria em revista semanal sobre negócios, modestos pelas quantias citadas, da família do ex-presidente, sem base de que se trataria de transações escusas, colabora para baixar o nível de campanha que deveria unir os bons.

Pouco antes, foram divulgadas informações sobre recursos da mãe de outro político de destaque, viúva de um homem reconhecidamente rico. Outros foram citados em depoimentos não confirmados ou contribuições legais confundidas com recursos não declarados. Isso tudo, enquanto casos concretos de vícios em campanhas dormem nas gavetas do Judiciário, sem julgar governantes já indiciados.

É preciso um ordenamento nas ações policiais, judiciais e no que é publicado na mídia. Com a mais ampla liberdade sempre, mas com responsabilidade. As redes sociais estão repletas de textos fantasiosos, quando não grosseiros, divulgados por todos os lados envolvidos nesta crise.

Nada justifica a falta de educação, de respeito à verdade, o palavreado chulo, a tentativa de enganar a população diante de fatos inquestionáveis. O Brasil tem de sair desta fase melhor em todos os sentidos, sem perder de vista que o mais importante, e urgente, é retomar o desenvolvimento, com políticas modernas de atração de investimentos e de estímulo à poupança. A crise maior é aquela que a hostilidade ao empreendedor bloqueia a recuperação econômica. O agronegócio, o menos atingido até agora, vive o cerco de ameaças e de atos de violência à margem da lei.

Temos de impor comportamento de primeiro mundo, de democracia madura, de atores dignos do momento grave que vivemos. A corda anda esticada.

Aristóteles Drummond é jornalista


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