Por marlos.mendes

As eleições para prefeito em 2016 acontecem com o país em recessão e com previsão de 13 milhões de desempregados — no Nordeste, a taxa bate 23%. O PMDB, que já mandava nas oligarquias dos pequenos municípios, tem aí a oportunidade de ampliar o domínio sobre os grotões com menos de 25 mil eleitores e de baixa renda, segmento beneficiado pelo Bolsa Família. O partido de Michel Temer comanda 1.024 prefeituras na faixa média de 34 mil eleitores e renda de R$ 1,4 mil. A máquina do PMDB, com recursos do Planalto e coligações, pode conseguir mais de 1.500 prefeituras e eleger Marta Suplicy na maior capital do país.

O PT, que governa 634 municípios com população acima de 55 mil eleitores e de faixa de renda mais elevadas, deve perder cidades metropolitanas para o PSDB, que em 2012 conquistou 702 prefeituras nos grandes centros do país, principalmente no Estado de São Paulo. Na capital paulista, segundo pesquisas de intenção de voto, o prefeito Fernando Haddad tem dificuldades de se reeleger. Marta Suplicy (PMDB), com popularidade nos redutos petistas, é forte candidata, uma vez que na capital o PSDB não tem candidato de peso.

Em Minas, mais prefeituras serão conquistadas pelo clã tucano — o governador, o petista Fernando Pimentel, está envolvido em escândalos de corrupção.

No Rio, o quadro é de complexidade. O PMDB de Eduardo Paes passará pelo teste das urnas no momento que o governo do estado está em profunda crise de popularidade e a economia em recessão. Apesar da Olimpíada, é pouco provável que o sucesso do evento se reverta em popularidade para eleger Pedro Paulo, que patina nas pesquisas com 7%. Isso pode ser revertido com o poder da máquina da prefeitura e dos índices de aprovação do governo Temer.

Neste cenário, o senador Crivella aparece nas últimas pesquisas com 23%, como teto mínimo, podendo chegar a 33%, percentual difícil para retirá-lo do segundo turno. Com apoio do segmento evangélico e com elevados índices de aceitação nas zonas Norte e Oeste, o senador deve estar na disputa final. Em época de crise, discursos populistas e de apelo emotivo com fundo religioso, o eleitorado tende a se sensibilizar com propostas salvacionistas.

Wilson Diniz é economista e analista político

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