Marcos Espínola: Mudança de postura de um povo mais consciente
Cansados e desacreditados da classe política, os cidadãos têm mudado os desfechos de algumas tentativas arbitrárias de empurrar goela abaixo medidas que ferem os direitos constitucionais de cada um
Por tabata.uchoa
Rio - A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Como quase todo dito popular, este tem certa lógica, porém, como toda regra, tem exceção, e isso pode mudar. Historicamente, criou-se um modelo de gestão pública equivocado que aposta nisso, ou seja, o povo sempre pagando a conta. Assim, cabe questionar até quando será desse jeito, pois, aos poucos, é notória a transformação da sociedade e, gradativamente, a massa popular está tomando consciência.
Não fosse o modelo arcaico de gestão, onde ainda se trava uma relação desigual na qual muito vai para poucos e nada para muitos, a história poderia ser diferente. E isso parece ter lavado a população à exaustão. Em verdade, isso não ‘pega’ mais, ou seja, em plena era das redes sociais, todos estão de olho e dispostos a lutar pelos seus direitos. Cansados e desacreditados da classe política, os cidadãos têm mudado os desfechos de algumas tentativas arbitrárias de empurrar goela abaixo medidas que ferem os direitos constitucionais de cada um.
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Quando a Câmara de Vereadores cogitou aprovar projeto criando aposentadoria vitalícia para parlamentares que completassem três mandatos consecutivos ou quatro intercalados, sendo servidores municipais, a repercussão contrária foi imediata. Criou-se a petição online ‘Não vai ter mesada’, recolhendo assinaturas contra, e o resultado foi a rejeição dos próprios vereadores ao projeto, que foi arquivado.
O mesmo aconteceu com o chamado pacote da maldade do governo estadual.
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Consideradas radicais, as medidas causaram indignação, essencialmente dos servidores, fazendo com que os deputados devolvessem ao Executivo o projeto que prevê a criação de alíquotas de contribuições previdenciárias extraordinárias, considerada a principal proposta anticrise sugerida pelo governo. Desta vez a sensibilidade dos deputados prevaleceu, pois inevitavelmente comprometeria a vida de milhões de pessoas.
Infelizmente, a corda ainda vem arrebentando do lado mais fraco, pois são milhões de desempregados, famílias sem poder de compra, sem saúde de qualidade, escolas precárias e à mercê da crescente violência. Consequências de más gestões, além da corrupção, que fazem do povo suas vítimas. Mas isso está mudando na medida em que o povo reconhece a força que tem.