Por thiago.antunes
Rio - O movimento de oposição a Trump na transição presidencial americana não só prossegue, como também se acelera, eliminado o discurso de um possível concordismo no apelo à união do país frente ao novo governo. Tal só se agrava com a ampliação das indicações radicais na composição do gabinete.
Cada vez mais se esbate a programação dos rumos a longo prazo do novo Executivo. É o que reclama o contraponto de uma esquerda democrata, a garantir a viabilidade de alternativa de comando político diante do caos dos prognósticos republicanos. Nesse quadro, emergem a voz e o protagonismo de Bernie Sanders, cuja presença na chapa teria, talvez, garantido o sucesso de Hillary.
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Vê-se, nestes dias, o quanto estará em causa, inclusive, a própria mudança do sistema eleitoral, a eliminar os colégios de voto estadual, frente à nitidez e ao peso direto da manifestação nas urnas. A apuração final não deixa dúvidas da vitória democrata no voto popular.
É um quadro de mobilização que se acirra para a posse, em 20 de janeiro, a perturbar todos os protocolos formais da sucessão, perturbação que se confirma e se amplia com a prática de um nepotismo na provisão das hierarquias do novo gabinete, com nítido controle familiar pelo genro de Trump.
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Só desponta, também, a tônica da radicalidade na sucessão, pelas declarações do vice-presidente Mike Pence, agregando religião e política e reiterando o pior fundamentalismo com os jogos feitos da intransigência política. O que emerge também é um dissenso acelerado no próprio Partido Republicano, a eliminar toda presunção da disciplina das maiorias no Congresso.
É de se esperar que essa dissidência se aproxime dos democratas, na rapidez com que as declarações do presidente sobre a União Europeia vão reforçar a maré direitista e o completo desmonte do sucesso de Obama.
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Candido Mendes é da Academia Brasileira de Letras