Por thiago.antunes
Rio - O golpe parlamentar, possibilitado pelo conivente Judiciário, colocou no poder a impopular ditadura civil de Michel Temer. A velocidade com que impõe medidas contra a população, como congelamento de gasto público, corte de direitos trabalhistas e entrega do Pré-Sal, reforça esse quadro.
Boa parte da mídia sabotou desde o primeiro momento a presidenta Dilma e apoiou o golpe de Estado contra a democracia. Agora, os mesmos veículos de comunicação se esforçam para mostrar o governo autoritário de Temer como simpático.
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No programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, jornalistas do ‘Globo’, da ‘Folha’, do ‘Estadão’ e da ‘Veja’ perguntaram amenidades para ele. Foi tão favorável que, ao fim, Temer agradeceu “por mais esta propaganda”.
A mídia pública, por sua vez, foi calada em sua independência por meio da substituição da direção da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), apesar de esta estar ainda no meio do mandato. Mesmo com o silêncio imposto pela mídia, a barreira é atravessada. 
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Apesar de as poucas famílias que concentram a propriedade dos mais influentes meios de comunicação controlarem também a maior parte do que circula na internet, a rede é um dos espaços onde se pode acessar o contraditório.
Além do compartilhamento do conteúdo de blogs e sites alternativos nas redes sociais, frequentemente censurados com bloqueio temporário da conta dos usuários, estes encontraram novos modos de manifestar indignação. Um está no uso da hashtag #ForaTemer, que se tornou viral. Outro foi o emoji de vômito.
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Emojis são aquelas carinhas usadas em redes sociais e nos smartphones para manifestar reações como risada, choro, irritação etc. O emoji que representa uma cara vomitando passou a ser usado em massa como crítica na página de políticos golpistas e do próprio Palácio do Planalto, que, incomodado, perguntou diretamente ao Facebook como impedir tal protesto.
Elio Gaspari escreveu cinco livros sobre a ditadura militar de 1964 a 85: ‘A Ditadura Envergonhada’, ‘A Ditadura Escancarada’, ‘A Ditadura Derrotada’, ‘A Ditadura Encurralada’ e ‘A Ditadura Acabada’. Pois, hoje, aquele que um dia choramingou que era um “vice decorativo” pode orgulhosamente se apresentar como líder de uma ditadura vomitada.
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Guilherme Simões Reis é professor da Unirio